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Crítica: “Esquadrão Suicida” de David Ayer

Depois de o cinema atual nos inundar com filmes de super-heróis todos os anos, eis que chega um filme que destaca os vilões e coloca-os no centro da ação.
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Depois de o cinema atual nos inundar com filmes de super-heróis todos os anos, eis que chega um filme que destaca os vilões e coloca-os no centro da ação.

Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de filmes de super-heróis. Há algo neles que me atrai, como se eles fossem uma extensão daquilo que eu gostaria de ser em criança, e depois de tantos anos a acompanhar séries de animação, é comum sentir-me entusiasmado sempre que algum ou alguns desses heróis da BD e desenhos animados faz a sua entrada no mundo do live action.

A maior parte das vezes, o que define as motivações dos heróis é a existência de um vilão, um némesis que ponha à prova as capacidades morais dos bons da fita e os leve a tomar decisões que por vezes são tão difíceis que acabam por os marcar para toda a vida. Por outras palavras, os vilões podem até ser mais interessantes que os próprios heróis.

Por isso o meu grande entusiasmo quando soube que um filme dedicado ao grupo de vilões mais notório da DC Comics ia fazer a sua entrada no mundo do cinema live action. Os trailers de “Esquadrão Suicida foram muito bem recebidos e levaram a uma muito ansiosa espera por parte dos fãs. Ver personalidades como Will Smith, Jared Leto, Margot Robbie e Viola Davis em papeis aos quais pareciam encaixar na perfeição trouxe aos espetadores uma sensação de satisfação e uma vontade enorme de que o filme chegasse o mais depressa possível às salas de cinema para poderem desfrutar destas e das restantes personagens durante mais de duas horas.Suicide-SquadO filme chegou às salas de cinema e críticas negativas começaram a brotar pela Internet. Críticos de cinema e websites dedicados à sétima arte davam-lhe classificações muito baixas. As minhas expetativas baixaram, mas mesmo assim tentei ignorar ao máximo as palavras e as classificações e fui ver o filme à mesma, pronto para tudo.

“Cerca de duas horas depois saía bastante desiludido.”

Toda a história é uma salgalhada que quase não se percebe, embora a maior confusão seja durante a primeira meia hora de filme. Pouco tempo depois dos eventos de “Batman V Superman: Dawn of Justice”, uma agente governamental chamada Amanda Waller (Viola Davis) decide recrutar um grupo de perigosos criminosos e usá-los em missões às quais eles são completamente dispensáveis. Então, os vilões Deadshot (Will Smith), Harley Quinn (Margot Robbie), Captain Boomerang (Jai Courtney), El Diablo (Jay Hernandez), Killer Croc (Adewale Akinnuoye-Agbaje)e Slipknot (Adam Beach) são “recrutados”, cada um deles com direito a uma pequena introdução à medida que Amanda os vai apresentando.

E é já aqui que começamos com os problemas. Só nas introduções já conseguimos ver quais são as personagens que terão o peso mais significativo na história. As introduções de Deadshot e Harley Quinn são as que levam mais tempo e as que nos fazem relacionar mais com eles. Ambos com os seus conflitos pessoais e as suas personalidades carismáticas. Os restantes, não mais tiveram do que uns meros segundos, e Slipknot nem teve sequer direito ao que quer que fosse.

Suicide-Squad-HarleyTambém ao elenco junta-se June Moone, ou a Enchantress, uma arqueóloga que é possuída por uma força maléfica que a transforma numa poderosa feiticeira, Rick Flag, um soldado ao serviço de Amanda e que tem uma relação amorosa com June, e Katana, uma assassina japonesa que carrega uma espada que tem presa as almas das suas vítimas. Apesar de June estar ao serviço de Amanda, a Enchantress consegue arranjar forma de escapar ao controlo a que está sujeita e causar toda a confusão que conduz o enredo a partir da primeira meia hora.

“Mas e o que é feito de Joker (Jared Leto), uma das personagens mais aclamadas e adoradas pelos fãs?”

Bem, tenho de dizer que a presença dele, na minha opinião, não fez grande diferença no enredo do filme, tendo em conta o tempo de presença. Tirando a sequência de apresentação da Harley Quinn, o Joker pouco aparece no filme, só mesmo interferindo com as ações da sua companheira e fazendo os possíveis para a recuperar para o seu lado, algo que me confundiu bastante.

Em praticamente todas as aparições do Joker e da Harley Quinn noutras adaptações, muito dificilmente conseguiríamos ver o vilão dar o corpo à bala pela companheira. Muito menos veríamos cenas românticas entre ambos, como vimos no filme. O que aconteceu neste filme foi uma conversão de uma relação tóxica e perturbadora para algo romântico e querido para agradar àqueles que não toleram violência contra mulheres e tornar um filme para maiores de 12 menos pesado.

Joker_Jared_leto
Resumindo, Esquadrão Suicida tinha potencial para ser muito mais do que prometia. O Deadshot e a Harley Quinn são as verdadeiras almas do filme, mostrando carisma, divertimento e piadas em todas as situações, deitando todo o outro elenco para trás das costas. El Diablo tem uma história profunda e perturbadora, e as suas ações ao longo do filme mostram a sua redenção pelas coisas más que fez na vida. O Captain Boomerang era suposto ser um machista, mas o medo do politicamente correto tornou-o em mais uma personagem sem grande peso na história. O Killer Croc pouco ou nada desenvolveu que fosse de menção. E Slipknot mais valia nem ter aparecido. Nem mesmo a banda sonora, polvilhada com clássicos do Rock dos anos 70 e 80 ajudaram a elevar o prestígio do filme.

Nota importante: Relembramos os nossos leitores que a crítica é escrita por um autor, e tudo o que nela representa é da opinião do mesmo.

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