Terminal de Vaugn Stein: a definição de “style over substance”

Tabela de Conteúdo

Chegou esta semana aos cinemas portugueses Terminal,de Vaughn Stein. O filme conta com Margot RobbieSimon PeggMike Myers e companhia. 

Terminal conta a história de dois assassinos a contrato que recebem uma proposta de trabalho inesperada de uma figura misteriosa, Mr. Franklin. Ao mesmo tempo seguimos os passos de Annie (Margot Robbie) que, pelas suas razões egoístas, também está envolvida neste plano. Pelo meio temos também uma espécie de história secundária protagonizada por Bill (Simon Pegg).

Vê também: Ibiza: uma comédia repleta de lugares-comuns

Terminal

Não se pode acrescentar muito mais sobre este filme sem estragar a experiência a quem ainda não o tenha visto. Apesar de não serem totalmente merecidos, Terminal tem alguns “plot twists” que são essenciais para ser verdadeiramente apreciado, mas já lá vamos.
A primeira longa metragem de Vaughn Stein é ambiciosa e talvez tanta ambição tenha sido a sua “downfall”, começando pelo tom. Tenho de admitir que fiquei confuso no cinema. Embora vendido como um noir thriller, é na maior parte do tempo uma espécie de comédia negra. O thriller vai aparecendo aqui e ali e o noir é principalmente estético. Quando o próprio filme não sabe o que é, por vezes torna-se difícil para o espectador perceber o que nos estão a tentar dizer.

E lembram-se da tal espécie de história secundária que conta com Simon Pegg? Durante a maior parte do tempo não sabemos bem qual o objectivo da sua personagem e no fim percebemos que era uma forma de nos fazer gostar mais de Annie. Senti que faltou qualquer coisa para ligar as duas narrativas, mas ainda assim esta interacção é possivelmente a melhor parte do filme.

Terminal

Apesar de tudo isto, o meu grande problema com Terminal são os “plot twists”. Sim, é giro quando somos guiados numa direcção e acabamos enganados pelo filme. O problema é quando esta decepção não é merecida e é aqui que Terminal tomba. A semente da desconfiança tem de ser plantada, algo que não nos apercebemos quando vemos pela primeira vez, mas que no fim faz todo o sentido. O primeiro explora a relação entre Annie e Bill e neste caso essa semente é mais ou menos plantada, mas em grande parte devido à qualidade de Margot Robbie e não devido à escrita ou até cinematografia. São pequenas coisas que a actriz faz que indicam que há um passado entre estas duas personagens. É verdade que isto pode ser uma escolha do realizador, mas talvez pudesse ter sido feito de outra maneira.

No entanto, é o último grande “plot twist”, aquele que nos revela a identidade da grande mente criminosa Mr. Franklin, que não impressiona. Em momento algum, durante os 80 minutos que precederam esta revelação foi deixada alguma pista. A única pista é o próprio actor. Num filme com tão poucas personagens, era de esperar que o Mr. Franklin estivesse por lá “disfarçado”. Por esta altura descobrimos também que existiu no passado uma “relação” entre Annie e Mr. Franklin que mais uma vez apareceu do nada.

Terminal

O grande mérito deste filme é a cinematografia. Não é que seja inovadora ou que nos dê a conhecer melhor este mundo, mas é por ser simplesmente “bonita”. O estilo noir foi bem explorado nesses aspecto. As cores (ou falta delas) deram-nos aquele “feeling” misterioso. A banda sonora também foi apropriada e o departamento responsável pelo guarda-roupa merece sem dúvida reconhecimento.

Com tudo isto, parece-me que a melhor maneira de descrever Terminal é utilizando a expressão anglo-saxónica “style over substance”. É inspirado por outros grandes filmes semelhantes e é por aí que fica. Não esperem nada de novo ou sair do cinema muito impressionados, mas são 90 minutos que dão para entreter com alguns momentos divertidos.

O que achaste? Segue-nos @cinema_planet no Instagram ou no @cinemaplanetpt Twitter.

Partilha este artigo:
Translate »