Eles Não Envelhecerão – Uma perspetiva britânica da 1ª guerra mundial

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Eles Não Envelhecerão, documentário de Peter Jackson (Trilogia Lord of the Rings), explora a primeira guerra mundial (1914-1918) focando-se na experiência dos soldados britânicos na linha da frente contra os soldados alemães.

O filme permite, assim, uma experiência informativa e visualmente rica em detalhes com imagens nunca antes mostradas.  

Peter Jackson juntou então uma equipa de pesquisadores, restauradores e um conjunto de materiais gravados durante esse período, para criar esta remontagem, cuja ordem cronológica é guiada pelas vozes de soldados sobreviventes da guerra. Estes estão presentes ao longo de todo o documentário, dando testemunhos íntimos das suas vivências na época. Podemos dizer que existe uma narração múltipla em sintonia com as imagens escolhidas.

Eles Não Envelhecerão

Apesar de ser positiva a presença de vários testemunhos, chega a ser algo confuso para o espectador, pois estes nunca surgem na tela e nem sequer se identificam. Apenas cumprem o propósito de contadores de histórias, das suas histórias. 

Ficamos com uma breve noção de como foi o período na Inglaterra antes de ser declarada guerra à Alemanha. Em seguida, percebemos que muitos soldados relembram a guerra como o período da sua juventude, ou seja, apesar de todos os seus aspectos negativos foi um período marcante na vida destes homens. O conflito fazia-os sentir úteis e era uma forma de sair de casa, fugir de empregos aborrecidos e de amadurecer, como os próprios contam. A vontade de irem para a guerra era tanta que muitos fingiam ter 19 anos, a idade mínima para se alistarem.  

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No desenvolver do documentário, acompanhamos a preparação dos soldados e o momento em que já se encontram nas trincheiras em plena guerra contra os alemães. Em ambos os cenários vemos detalhes como qual era o seu vestuário, o que tinha nos seus kits, qual a sua alimentação, no fundo, como era a rotina destes homens.

Algo que me chamou à atenção ao longo da exposição foi o humor – como temos os próprios a contar a sua experiência, conseguimos perceber que na guerra existiam também momentos de descontração que eram necessários para aguentar com a pressão emocional que sentiam diariamente.  Havia uma certa necessidade de transformar as dificuldades em riso, como uma forma de distração da realidade e isso fica bem explicito na longa.

Apesar de nas sequências de guerra, Jackson ter recorrido a ilustrações por falta de opção, a crueza visual não é deixada de lado -a morte é mostrada com imagens chocantes de cadáveres. Em outros momentos, o realizador utilizou a tecnologia moderna para dar cor às filmagens feitas durante a primeira guerra. O resultado funciona bem por parecer natural.

Eles Não Envelhecerão

O documentário no seu final dá igualmente atenção ao pós-guerra e às dificuldades de reintegração na sociedade vividas pelos soldados britânicos – não só houve desemprego em massa, como também um enorme sentimento de solidão. Estes sentiam que não conseguiam mais socializar-se com os civis que não conheceram a verdade da guerra.

A primeira guerra mundial acabou há mais de 100 anos, mas as suas marcas permanecem por gerações e vão continuar a surgir, sobretudo no que toca a obras cinematográficas. É, então, necessário que os erros do passado sejam conhecidos para evitar que voltem a ser repetidos. 

Eles Não Envelhecerão não é um filme que pretende contar a história da primeira guerra mundial, mas sim algumas experiências vividas pelos soldados britânicos neste período. Cumpre o seu propósito informativo e consciencializa o espectador.  

Finalizo com uma curiosidade. Peter Jackson dedicou o documentário ao seu avô, William Jackson, que serviu no exército britânico de 1910-1919. 

O documentário estreia este sábado (27) no canal História às 22h15.

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