Nunca a história do Pinóquio foi tão conhecida e adaptada como este ano. Depois do ‘flop’ que foi a adaptação para Live Action do clássico do filme de 1940 da Disney, eis que Guillermo del Toro nos apresenta uma adaptação tão distinta e única da versão que todos conhecemos.
Sabe tudo sobre Pinoquio, o novo filme de Guillermo Del Toro
Qual é a sinopse do filme?
A versão de Guillermo del Toro conta a aventura emocionante de Geppetto, um criador de marionetas, e o seu menino feito de madeira, Pinóquio, a descobrir o que significa ser criança e como superar o luto parental.
Trailer do filme
Qual é o elenco do Pinóquio de Guillermo del Toro?
São vários os atores e atrizes que dão a sua voz às personagens do mundo de Pinóquio. Conhece-os aqui:
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Ewan Mcgregor (Grilo
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David Bradley (Geppetto)
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Gregory Mann (Pinóquio/Carlo)
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Burn Gorman (Padre)
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Ron Perlman (Podesta)
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John Turturro (Dottore)
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Finn Wolfhard (Candlewick)
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Cate Blanchett (Spazzatura)
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Tim Blake Nelson (Coelhos)
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Christopher Waltz (Conde Volpe)
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Tilda Swinton (Espírito da Floresta/Morte)
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Tom Kenny (Mussolini)
Também podes ver a lista completa de atores e personagens do filme, aqui.
Onde acontece a história de Pinóquio?
Embora não esteja explícito no filme, a história inicia numa pequena cidade a norte de Itália, mas são várias as localidades que Pinóquio e Geppetto atravessam no país da em forma de bota. Del Toro coloca a história de Pinóquio a decorrer no pós-Primeira Guerra Mundial (onde Geppetto perde o seu filho) e durante o regime fascista italiano.
São vários os elementos presentes, desde Podesta, a personagem de altas fileiras do regime e militar, à saudação fascista na Igreja, ao cenário da tropa militar infantil e ainda à queda de várias bombas que poderão indicar que o filme se passa mais próximo da Segunda Guerra Mundial.
Como foi feita a adaptação de Del Toro e o quão diferente é da versão da Disney?
Sem saber ao certo se foi mais fiel do que a Disney à obra original de Carlo Collodi, o conto de del Toro aponta-nos ao sobrenatural (como, de resto, é hábito seu, como podes comprovar pelas críticas ao filme “Nightmare Alley” ou a sua série “Caçadores de Trolls“) e ao humano, na mesma cena e contrasta a fantasia com a realidade na época dados anos 30 em Itália.
A mensagem desta adaptação de Guillermo del Toro mistura o que é que significa ser criança e a importância da fase mais infantil para o desenvolvimento pessoal da mesma, com a relação entre pai e filho, bem como o luto de um pai, muito bem representado em tempo de guerra.
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Temas muito sérios, mas que são bem representados pelas excelentes vozes do elenco escolhido. Pinóquio, assim como no livro e na adaptação mais conhecida da Disney, simboliza a inocência da infância, não sabe o que são as coisas, está sempre a fazer perguntas, não percebe a importância de ser obediente.
O grilo falante funciona como a ‘moral compasse’, um guia moral de toda a história e personagens principais, não só é o narrador da história como mora, literalmente, no coração de Pinóquio.
Geppetto é o criador e o pai, é o símbolo do luto, do medo pela guerra, da evolução de um pai que aprende com os erros. Spazzaturra simboliza o crescimento e a mudança de uma personagem, já que começa como que um rival de Pinóquio e mais tarde apercebe-se que o menino apenas quer um amigo neste mundo cruel. O Conde é o sinónimo da opressão e da ganância.
Guillermo del Toro “trocou”, se assim se pode dizer, a Ilha dos Prazeres, que vemos nas adaptações da Disney, e introduziu um campo de treino militar, onde vemos aí o crescimento pessoal dos valores de Pinóquio e também de Candlewick, o filho de Podesta, que não só se torna amigo do menino de madeira como também enfrenta o medo que tem pelo pai, que o quer tornar o soldado perfeito e o rapaz perfeito do regime fascista, obediente no sentido lato da palavra. O regime está presente ainda em várias cenas e cenários. Não só existe uma música dedicada a Mussolini e à luta pela pátria italiana, como existem vários cartazes afetos ao regime fascista pelas cidades italianas, enquanto Geppetto vai à procura do seu filho, e ainda toda uma cena de ridicularização do chefe de Estado do regime (del Toro cria Mussolini com um aspeto bruto, quase primata, e baixo).
Considerações finais
O aspeto técnico é excelente. Se no início do filme, a figura de Pinóquio parecia algo assustadora, à medida que vamos vendo e vamos criando empatia com as personagens, é como se a figura dele ficasse mais simpática e bonita, apesar de não mudar nada na sua aparência. O stop motion está muito bem desenhado e aplicado. A banda sonora de Alexander Desplat é magnífica, com os seus toques muito italianos e as músicas originais (‘Ciao, Papa’ é talvez a minha música favorita apontada aos Oscars).
Pinóquio é um filme de duas horas, mas que passam rápido. Não tem qualquer parte que se sinta que esteja a mais e é um filme que se vai explicando sem necessariamente dizer tim tim por tim tim o que se está a passar. Guillermo del Toro realizou aqui, não só o meu favorito a melhor filme de animação do ano, como uma adaptação que vai ficar para a eternidade, pela sua genialidade, simplicidade e realismo, mesmo tendo bastantes elementos sobrenaturais e de fantasia.