“O Homem Invisível” chega aos cinemas a cargo do realizador Leigh Whannell. Este reboot do filme original 1933, traz uma nova abordagem à história do monstro dos estúdios Universal.
Protagonizado por Elisabeth Moss, o filme acompanha a história de Cecilia, uma mulher vítima de violência domestica. Certo dia ela decide fugir de casa do namorado e livrar-se desta relação tóxica. Contudo, dias depois ela descobre que o namorado se suicidou o que dá lugar a uma série de acontecimentos estranhos que a levam a acreditar que existe um ser invisível a assombrá-la.
Em 2017 os estúdios Universal anunciaram um universo compartilhado de filmes no qual iriam interligar uma saga protagonizado pelos clássicos monstros do estúdio. Certo é que isto não deu bom resultado. Após os fracos “Drácula: A História Desconhecida” (2014, com Luke Evans) e “A Múmia” (2017, com Tom Cruise), a esperança de que esta ideia fosse dar bom resultado parecia escassa.
Três anos depois chega às salas de cinema a nova aposta dos estúdios “O Homem Invisível”. Fora de qualquer universo compartilhado, eis que finalmente temos um bom filme de monstros da Universal. Tendo em conta o historial esperava um filme fraco, contudo fiquei curioso ao saber que a realização estava a cargo de Leigh Whannell.
O realizador, cujas raízes estão cimentadas no género do terror, afirmou-se neste cargo em 2018 com o seu segundo filme, “Upgrade”. Alvo de boas críticas, o filme foi aclamado principalmente devido ao facto de que o realizador conseguiu fazer muito com um orçamento baixo. Mais uma vez, Leigh surpreende ao entregar um filme tenso, assustador e tecnicamente impressionante. Os longos takes ajudam a criar a tensão para uma história que nos incita a procurar em todos os cantos por pistas.
O terror deste filme provém da relação abusiva que a protagonista experiência. A abertura do filme entrega, sem qualquer diálogo, o quão tóxico e negativo este tipo de relação é. Desta forma, acaba por se tornar muito fácil de simpatizar com a protagonista. Elisabeth Moss está excelente como Cecilia, numa interpretação cheia de dor e paranóia.
O filme distancia-se entre muitos do género pela forma como aborda o tema de violência domestica. Existe toda uma incerteza por parte de vítimas de abuso na qual estas voltam ao seu agressor, e de certa forma perdoando-o. Quase como um síndrome de Estocolmo, no qual a vítima se sente atraída pelo seu agressor.
A abordagem do filme torna-se muito interessante ao observarmos uma protagonista que apesar de tudo o que faz para se afastar do seu ex-namorado, por vezes se pergunta se ele estará mesmo por detrás de tudo o que a atormenta ao longo da história.
“O Homem Invisível” é uma viagem atribulada e surpreendente e que aposta em temas reais para criar uma história genuinamente assustadora. Esperar agora que a Universal finalmente perceba que não há necessidade de copiar a Marvel para fazer sucesso, e que este seja o primeiro filme de vários ótimas produções de monstros.
O filme encontra-se em exibição nos cinemas portugueses desde 5 de Março.