A AMC traz-nos uma nova abordagem ao romance gótico de Anne Rice, no qual tivemos a oportunidade de ver os primeiros quatro episódios. E posso afirmar com toda a minha confiança que esta nova série é promissora.
Este Nome Não me é Estranho….
Se for um grande cinéfilo como neste site somos, com certeza o nome desta série ser-lhe-á familiar.
A história de Anne Rice já foi adaptada para o cinema em 1994, com o filme “Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles“, mais conhecido cá em Portugal como “Entrevista com o Vampiro“, no qual Brad Pitt e Tom Cruise interpretaram respetivamente os personagens principais Lois de Pointe du Lac e Leslat de Lioncourt.
Embora, o filme tenha recebido uma boa receção pela critica e pelo público, além de ficar com estatuto de cult com o passar do tempo, não podemos dizer que este fez jus à obra original. Muitos elementos da história foram alterados e Anne Rice, que entrou como argumentista nesse filme, teve que alterar a relação homoafetiva das suas personagens por causa dos Tabus da época, transformando-a em mais uma “forte amizade” entre dois homens.
Desde então, a autora sonhava em trazer a história dos seus 18 romances para o pequeno ecrã, em formato de série. E depois que a AMC Network comprou os direitos dos livros em 2020, a série foi logo planeada e produzida, com a autora na cadeira de produtora executiva.
Mesma História, Novos Contextos
A narrativa da série segue semelhante ao filme, ao mostrar a entrevista dada por Daniel Molloy (Eric Borgosian) a Louis do Ponte du lac (Jacob Anderson), no qual relata a sua vida como vampiro e a sua relação com Leslat de Lioncourt (Sam Reid).
A série também faz as suas mudanças, adaptando esta narrativa para a atualidade. A primeira mudança fica no contexto da entrevista, que passa do séc. XX, como é retratado no filme e no livro, para perto dos dias de hoje, em 2022. Já outra mudança fica no tempo histórico e contexto étnico no qual a história do passado de Louis vai ser contado. Ambas foram alteradas para retratar tempo histórico americano no ano de 1910, no qual Louis é agora um mestiço em frente uma sociedade que separa os ser-humanos pela cor de pele. Estas novas dinâmicas conseguem, a meu ver, trazer novas nuances à história e mais força às decisões que o protagonista toma ao longo da narrativa, mesmo que não sejam tão aprofundadas pelo texto.
Contudo, a mudança que pesa em comparação ao filme 1994 fica na relação de Louis e Leslet. A série abraça por completo o romance homoafetivo, dando assim mais força à narrativa e ainda aproveita para quase fazer uma espécie de rima entre o fator homossexual e a natureza sobrenatural do vampiro.
Com estas mudanças, a série consegue ao longo dos seus primeiros quatro episódios, trazer uma narrativa calma, que gosta de mostrar os mais pequenos momentos, sem nunca de deixar de surpreender a cada instante.
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Elenco competente, mas nem todos brilham
Mas não é só na narrativa que ficam os meus elogios à série. Todo elenco também faz um bom papel na série.
Jacob Anderson consegue moldar as várias camadas de Louis ao longo dos dois tempos em que se apresenta. Se no presente, este se mostra mais introspetivo devido ao longo tempo que a personagem passara com aquela problemática sobrenatural, no passado, este apresenta-se mais aberto a emoções e sentimentos, sem perder a sua própria personalidade.
Já Eric Borgosian, mesmo com o seu pouco tempo de tela, consegue mostrar alguma presença com o seu personagem Danile Molloy, quer com o seu olhar curioso e ao mesmo tempo cético, quer pela sua personalidade um quanto sarcástico, não perdendo tempo para retirar algumas reflexões enquanto pode.
Quanto a Sam Reids e à jovem Bailey Bass, estes parecem bem nos seus personagens. O primeiro faz o típico vampiro que estamos habituados a ver, com alguma substância a mais, mas que não chega perto do seu colega. Já Bailey Bass, por só aparecer mais tarde nestes quatro episódios, não consegui apreciar muito da sua performance mais enérgica e excitada que dá à sua personagem ingénua e curiosa.
Série rica em pormenores e sangue
Mesmo na parte técnica, a série não parece falhar, nem por um segundo.
A equipa de cenografia, de figurinhas, maquilhadores e até a banda sonora parecem consegue trazer para a tela pequena todo o contexto histórico e até político que a série aborda. Desde as roupas, das casas de madeira, das carroças, até aos pequenos penteados parecem traduzir com perfeição a época dada. E mesmo no presente, na grande moradia de Louis em Dubai, os cenários não parecem esquecidos e adicionam novas informações, quer pelos espaços quase vazios e minimalistas, quer até pela arquitetura quase monumental com que se apresenta perante a cidade.
E para quem está espera da violência, acredito que ficará satisfeita. Esta é bastante pontual ao longo da série, mas quando acontecem, são impactantes e efetivos.
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O que achei dos quatro primeiros episódios
De modo geral,”Interview with a Vampire” aparenta ser uma série competente e promissora, adequada aos nossos tempos, sem perder a sua própria identidade. Se estes quatro episódios superaram as minhas espectativas, mal posso esperar para ver os restantes capítulos!
Onde poderão ver
A serie vai estrear no canal AMC a 22 de abril, com cada episódio a estrear semanalmente. A primeira temporada tem um total de sete episódios e uma segunda temporada já está confirmada e chegará à televisão americana a 12 maio mas ainda sem data para Portugal.