Neste Let’s Talk descobre uma entrevista que abordou os temas mais variados como Batman, Donald Trump e até a Pantera Cor-de-Rosa…
Maz Jobrani, ator iraniano em produções de Hollywood como “A Intérprete” (com Nicole Kidman e Sean Penn) e “De Repente, Já nos 30!” (com Jennifer Garner e Mark Ruffalo) tem um novo filme a estrear este ano. O Cinema Pla’net teve a oportunidade de o entrevistar focando a sua carreira e temas importantes da atualidade.
Com “Jimmy Vestvood: Amerikan Hero” recebeu tanto o Prémio do Júri como o Prémio do Público no Festival de Austin, deve ter sido uma boa experiência…
Oh yeah! Foi uma experiência ótima. Quando fazes um filme não tens ideia alguma se as pessoas vão ou não gostar daquilo que criaste. E apesar de não fazer filmes para ganhar prémios, sabe sempre bem quando se ganha, porque ajuda a legitimizar aquela sensação que se tenta transmitir desde o início. Além disso co-escrevi o filme com Amir Ohebsion, logo o facto de ganhar dois prémios permitiu que cada um levasse o seu troféu para casa e isso foi mais um ponto positivo!
De onde surgiu uma personagem como Jimmy Vestvood e a sua história conspiracionista?
Amir Ohebsion escreveu uma peça de teatro há uns anos atrás onde eu interpretava um homem persa, de nome Jamshid, que se auto-proclamava Jimmy por soar mais americano e mais cool. Quando a peça acabou convenci-o de que conseguiríamos fazer um bom filme a partir desta personagem, era tão rica e vibrante que tínhamos muito por onde explorar. Ambos gostamos dos filmes antigos da Pantera Cor-de-Rosa com Peter Sellers e queríamos fazer algo do género. Logo, colocámos o Jimmy numa situação que o transcendia com uma série de obstáculos no seu caminho para salvar o mundo. Simplesmente uma comédia divertida… até mesmo idiota, com um pouco de política nas entrelinhas.
Como foi interpretar esse papel?
Adorei! Fizemos uma rodagem de três semanas, que embora esgotante, como foi produzida por nós próprios com o nosso parceiro Ray Moheet, tínhamos muito controlo sobre tudo o que estava a ser feito. Todos os dias íamos para o set, filmávamos o que estava programado e divertíamo-nos a interpretar as personagens. O nosso realizador, Jonathan Kessleman, que realizou “O Super Garanhão”, estava na mesma onda e passámos um bom momento e acho que isso transparece no ecrã.
Ao longo da sua carreira de stand-up comedy focou temas como o racismo, a xenofobia e os desentendimentos. Pensa que a América mudou com o passar dos anos?
Eu pensava que tinha mudado mas quando vemos as pessoas que saem à rua para apoiar Donald Trump percebemos que afinal a América não mudou assim tanto. Gostava muito que durante o Ensino Secundário os alunos fossem obrigados a passar um ano no estrangeiro. Acho que isso permitiria “abrir os olhos” a muitas pessoas e mostrar-lhes o quão somos semelhantes por todo o mundo. Viajar é um fator que certamente podia ajudar a diminuir a xenofobia.
E a rotulação dos atores em Hollywood?
Penso que ainda existe, mas agora há muitas pessoas de cor a criar os seus próprios projetos. Isso é uma das razões porque fizemos “Jimmy Vestvood”. Queríamos ter o primeiro herói descendente do Médio Oriente num filme americano e acho que não temos isso desde os tempos do Omar Sharif. É preciso que muitas pessoas de diferentes culturas criem os seus próprios produtos para acabar com a rotulação por estereótipos.
Como foi ver o seu livro “I’m Not a Terrorist; But I’ve Played One on TV” tornar-se um bestseller? O que o inspirou a escrevê-lo?
Inspirei-me quando o meu manager disse que tinha uma boa história de vida para contar. Nunca pensamos estar prontos para contar a nossa história de vida, mas quando alguém nos fala sobre isso e mostra-nos que as viagens que fizemos pelo mundo enquanto “americanos do médio oriente” é para os outros uma experiência muito diferente daquilo que nós pensamos, então nesse momento apercebemo-nos de que há mesmo algo que temos partilhar. Foi muito bom ver o livro tornar-se um bestseller, porque o meu livro, à semelhança da maioria dos meus outros projetos, tem como objetivo mostrar o quão semelhantes somos uns aos outros.
Em quem se inspira para o seu trabalho?
Ora bem, comecei a fazer stand-up porque em criança era um grande fã do Eddie Murphy. A partir do momento em que cheguei onde queria entrei mais numa de Richard Pryor, porque o seu stand-up tinha uma mensagem política e social. Tenho esperança de conseguir mudar a perceção que têm do médio oriente da mesma forma que ele o conseguiu para os afro-americanos.
Há algum papel que gostasse de fazer e que ainda não tenha tido oportunidade?
Batman!
Qual é a melhor experiência que teve em filmagens?
Filmar “Jimmy Vestvood” foi divertido do início ao fim. Estar num set onde temos o controlo total é muito melhor. Não tínhamos de dar respostas a ninguém porque o argumento era nosso e o dinheiro foi arrecadado por nós. Foi tudo muito independente e punk rock!