Let’s Talk #48 – O realizador francês Xavier Gens

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O Cinema Pla’net entrevistou o realizador Xavier Gens, responsável pelo filme de culto “Fronteira(s)” mas também conhecido por “Hitman” e “O ABC da Morte”.

Xavier Gens
Karina Testa em “Fronteira(s)” (2007)

“Fronteira(s)” tem mais de uma década e continua a ser considerado um grande filme do cinema de terror francês. Que recordações lhe traz o filme?

A melhor memória que tenho de “Frontière(s)” foi o processo de o fazer e a inocência com que o fiz. A ideia surgiu da situação política em França em 2002, é um filme com raiva e ira sobre o sistema político francês. Estava a fazê-lo sem pensar no mercado e na distribuição. Estava a dedicar-lhe toda a alma, as tripas e o coração. Hoje em dia as coisas são diferentes e eu sonho em reencontrar essa inocência do início.

Como foi fazer parte da antologia “ABC’s da Morte”?

Foi muito divertido mas deram-me uma letra bem complicada! [letra X] Estava a pensar fazer um porno e depois acabou por se tornar numa ideia derivada do food porn. Estava no aeroporto em Londres à espera de um vôo quando pensei na história, depois de ver uma mulher a olhar para um poster com modelos bem magras… escrevi o argumento em 2 horas. Nos dois dias que passámos a filmar usámos 150 litros de sangue.

Sobre o claustrofóbico e psicótico “Os Humanos”…

 “The Divide” foi uma experiência incrível! Tínhamos um controlo criativo total e podíamos fazer o que quiséssemos. Amei profundamente aquele elenco talentoso [do qual fazem parte Courtney B. Vance, Milo Ventimiglia, Rosanna Arquette, entre outros…] e toda a equipa. 

Sobre o blockbuster de ação “Hitman – Agente 47”…

Foi uma muito boa experiência mas o aspeto mais desafiante foi permanecer em boa condição física durante os 66 dias da filmagem! Passei um bom momento no “Hitman”. 

Xavier Gens
Xavier Gens e Timothy Olyphant em “Hitman – Agente 47” (2007)

Andando uns anos para a frente, porque quis realizar a adaptação de “Cold Skin”?

Porque adorei verdadeiramente o livro e caí de amores pelas personagens Friend e Aneris. Eles são mesmo como eu na vida e portanto “Cold Skin” é provavelmente o filme mais pessoal que fiz até agora.

Inicialmente Manu Payet ia realizar “Budapest”. Como é que o projeto lhe chegou às mãos?

O Manu estava muito ocupado com o seu espectáculo nos palcos e não podia prepara-se devidamente ao mesmo tempo que iria realizar um filme. Os produtores perguntaram-me se estaria interessado e disse que “Sim”. Precisava de ‘férias’ depois de cinco anos de trabalho no “Cold Skin”.

Há várias referências em “Budapest” a filmes como “Os Renegados do Diabo”, “Predador”, “Robocop”…

De um modo geral adoro filmes de género. Colocar referências a filmes de género numa comédia francesa foi para mim algo muito divertido de fazer. Até consegui colocar uma homenagem ao “Suspiria” de Dario Argento quase no final do filme!

Xavier Gens
Manu Payet, Monsieur Pouple e Jonathan Cohen em “Budapest” (2018)

Um jornal francês comparou o filme favoravelmente a “Borat” e “A Ressaca”. Na sua opinião, atualmente, em que ponto está a comédia francesa em comparação à comédia americana? E o cinema de terror?

Relativamente à comédia, penso que em França estamos muito mais próximos do ser humano enquanto que nos EUA focam-se num conceito. E em França podemos mostrar nudez! Adoro o terror em geral mas agora até estou mais dedicado a ver os filmes antigos do cinema italiano neo-realista. O que mais gosto nos filmes de terror é que podes experimentar e fazer o que quiseres. É um excelente ‘recreio’ para um realizador.

Num próximo projeto explorará mais o lado humorístico ou regressará ao terror/suspense?

Vou regressar ao terror hardcore mas de momento é tudo o que posso revelar.

Xavier Gens estará no MOTELX para apresentar “Cold Skin”, bem como para dar uma masterclass juntamente com o realizador Pascal Laugier (“Mártires” e “The Tall Man”) sobre a vaga de cinema de terror extremista francês.

Xavier Gens
Aura Garrido e Xavier Gens em “Cold Skin” (2017)

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