Recentemente, estreou pela Netflix Lost in Space, resgatando a série homónima de 1965, baseada na obra de Irwin Allen. Segue o que há para contar da 1ª temporada desta história de ficção-científica, que procura relatar as venturas e desventuras da família Robinson, em terreno espacial desconhecido e hostil.
Lost in Space, escrita por Matt Sazama e Burk Sharpless, é um produto aprazível para os apreciadores do universo sci-fi. Pode ser consumido ao longo de 10 episódios nesta primeira temporada. O início da narrativa coloca-nos já a bordo da Jupiter 2 – nave espacial – onde é introduzida a família Robinson. Uma cena descontraída que se traduz apenas na calmaria antes da tempestade. Corre o ano de 2046 e o planeta Terra já não é tão convidativo como outrora. O embarque para outras paragens do universo com o objetivo de colonização e preservação da espécie torna-se numa realidade inevitável. Verificada a aptitude dos elementos da família Robinson, estes partem numa viagem de ida apenas, com outras famílias de colonos espaciais, tendo como destino final Alpha Centauri – a nova casa, pronta a estrear.
Todavia, algo corre mal durante a viagem (hmm, o que será?). A Resolute – albergue de todas as Jupiters que partiram – sofre um acidente com contornos inexplicáveis. A Jupiter 2 vagueia pelo espaço – aqui começa a nossa história – com Maureen (Moly Parker) e John (Toby Stephens), tentando entreter os filhos: Will (Maxwell Jenkins), Judy (Taylor Russell) e Penny (Mina Sundwall), longe da rota pretendida e ainda sem respostas. Acabam por atribuladamente espatifar-se num planeta desconhecido, e neste primeiro episódio acontecem tantas peripécias que o espectador quase nem tem tempo de as assimilar, bem como as improváveis soluções que se lhes apresentam.
Um dos milagres operados é a improvável ligação criada por Will (Maxwell Jenkins) e um Robot (Brian Steele), no momento em que o primeiro num gesto altruísta salva a máquina de perecer. Ora, a família Robinson terá de lidar com a dupla face da moeda no que toca ao acolhimento do Robot. No entanto, a verdade é que tendo em conta a propensão que eles têm em se meter em apuros, uma mão a mais (ou duas), nem que seja alienígena, vem sempre a calhar.
A narrativa intercala-se com vários flashbacks passados, evidenciando fragilidades e questões por resolver entre os Robinson, aos quais eles não podem tergiversar, neste planeta que rapidamente se perceciona tão belo como adverso. Aquilo que acaba por dececionar é precisamente a facilidade com que descolamos este drama familiar para o enquadrar num outro cenário, faltando um elemento diferenciador e intrínseco.
São introduzidas sucessivamente e a bom ritmo novas personagens como a Dr. Smith (Parker Posey). Rapidamente lhe deslindamos o caráter de vilã da história, contudo o lado manipulador causa alguma urticária, de tão evidente. E ainda Don West (Ignacio Serricchio) – figura carismática e difusora de salpicos de humor. A banda sonora enfeita e acompanha devidamente a narração. Esta desenrola-se ainda em cenários garridos e maioritariamente de uma beleza que delicia. Infelizmente, nem sempre suficiente para camuflar o sabor agridoce com que ficamos a verificar a previsibilidade do enredo… Só mesmo ao 8º capítulo ficamos pendurados e ansiar pelo episódio seguinte. Ainda assim, temos referências à obra literária Moby Dick, ênfase na possibilidade de vida extraterrestre e várias referências ancestrais verdadeiras de exploração do espaço que me fazem ainda ter alguma esperança numa série que carece do elemento aditivo tão característico na Netflix.