A ação regressa ao grande ecrã com “Peppermint”. Um filme onde Jennifer Garner terá de vingar a sua família, que estava no local errado há hora errada.
“Peppermint” marca o regresso de Jennifer Garner aos filmes de acção desde a sua participação em “O Reino”, que saiu em 2007. Desta vez, Garner interpreta a personagem Riley North, uma mulher de família que vê o seu marido e filha a serem mortos por um gang. Devido ao facto de os criminosos terem saído impunes do crime, Riley desaparece e ao fim de 5 anos regressa à cidade para fazer justiça pelas próprias mãos.
Mais uma vez, Jennifer Garner volta a mostrar as suas excelentes capacidades enquanto atriz. Sendo que este filme recai todo sobre os seus ombros, a mesma dá 110% de si em todos os momentos. Além de conseguir convencer o público nos momentos de acção, consegue igualmente causar impacto nas cenas mais emocionais da história. A sua prestação torna-se, portanto, o porto seguro de “Peppermint” e onde o filme vai buscar a sua força.
Ver Também – Pesquisa Obsessiva – O Lado Humano da Tecnologia
Porém, os filmes não podem apenas precaver-se pelo potencial do seu elenco. E, em todas as outras componentes que compõem esta película, “Peppermint” fica aquém das expectativas. E onde isso é mais aparente é no próprio argumento do filme, que se encontra recheado de personagens pouco aprofundadas. Tomam decisões que não fazem qualquer sentido lógico, e até a construção da narrativa não satisfaz o espectador. Como, por exemplo, a revelação de acontecimentos vingativos que são escondidos da tela e apenas mencionados através de meros diálogos.
Outro grande problema do argumento é a quantidade de exposição narrativa que o mesmo faz através de diálogos das personagens. Uma das regras base na arte de escrever um livro e/ou um argumento de um filme é a de “Show, Don´t Tell”, querendo transmitir a ideia de que a audiência irá ter mais impacto com a história se esta nos for mostrada, se pudermos visualizá-la por nós mesmos, em vez de nos ser contada por terceiros. O argumentista russo Anton Chekhov é conhecido por ter, presumidamente, dito a seguinte frase: “Não me diga que a lua está a brilhar – mostre-me o brilho da luz no vidro partido”. “Peppermint” tem demasiadas pessoas a dizerem-nos que a lua brilha e poucos raios de luz no vidro partido.
A realização, pela mão de Pierre Morel, roça o amadorismo que não se traduz adequadamente para um grande ecrã. Com uma edição medíocre, tudo se revelou rapidamente como se de um episódio de uma série policial se tratasse a ser projectada numa sala de cinema, ampliando todos os seus defeitos ao expoente máximo.
“Peppermint” tinha potencial mas afundou-se na sua mediocridade. Com uma história simples, mas pouco eficaz, e uma performance sólida de Jennifer Garner, fica sem muito mais para oferecer. Revela-se, assim, um dispendioso filme com um caráter de série televisiva que, se fosse feito para o pequeno ecrã, até poderia ser perdoado.