Alejandro G. Iñarritu, o mexicano que surgiu na 7ª arte com novas ideias para, de certa forma, revolucionar o modo de fazer cinema.
Alejandro González Iñárritu nasceu no México, no dia 15 de agosto de 1963. Começou a sua carreira de realizador em 1995 numa curta-metragem de 34 minutos feita para televisão. Foi mais tarde, em 2000, que teve a sua primeira longa-metragem realizada: “Amores Perros” ou, em português, “Amor Cão”.
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Com um total de seis títulos na sua filmografia, é de ressaltar que todos obtiveram nomeações ao prémio máximo do cinema. Conseguiu arrecadar pelo menos uma estatueta dourada em metade dos seus filmes.
A título individual, Alejandro G. Iñarritu conseguiu alcançar o prémio máximo do cinema por cinco ocasiões: três com o filme “Birdman”, uma com “The Revenant: O Renascido” e uma outra concedida pela instalação de realidade virtual em “Carne y arena”, uma curta-metragem de sete minutos.
“Babel” (2006)
Sinopse: Uma tragédia atinge um casal em férias no deserto marroquino, desencadeando uma história interligada envolvendo quatro famílias distintas.
“Babel” partiu de uma ideia original de Alejandro G. Iñárritu e Guillermo Arriaga. É o terceiro filme da trilogia espiritual do realizador. Apesar de não conseguir igualar a qualidade apresentada pelos outros dois, finaliza essa mesma trilogia de uma boa forma.
Com bons atores e desempenhos consistentes, ajustados às personagens, o filme perde-se um pouco quando há a clara intenção de explorar as suas emoções ao máximo, caindo no exagero e quase que suplicando para que elas e eles, as personagens e os atores, resolvam e façam o filme.
“Babel” obteve sete nomeações ao Óscar da Academia, conseguindo arredar apenas um, o de melhor bana sonora.
“21 Gramas” (2003)
Sinopse: Um fatídico acidente faz com que a vida de três pessoas de realidades completamente diferentes se cruzem e altere radicalmente o rumo já definido.
Quando um corpo cai pela última vez, o peso do mesmo é reduzido em 21 gramas, o peso da alma que se vê livre. Esta é a premissa para o segundo filme da “Trilogia da Morte” que se revela forte e intenso, tal como o primeiro. No entanto, peca ao exagerar ligeiramente quando se centra demasiado nas personagens e nos atores que as incorporam, com o propósito de fazer elevar ainda mais o filme.
Contudo, a realidade de “21 Gramas” é transposta para a tela tal e qual como ela é. Não há qualquer tentativa de embelezar ou de querer exagerar nos pequenos detalhes. A construção do cenário é feita com muito rigor, indo ao pormenor, revelando o trabalho dum olhar preciso e minucioso.
A segunda longa-metragem do realizador teve duas nomeações para os Óscares, ambos na categoria de representação. Foram estas Naomi Watts, como melhor atriz principal, bem como Benicio Del Toro, como melhor ator secundário.
“Biutiful” (2010)
Sinopse: A odisseia de Uxbal (Javier Bardem), um pai solteiro que se vê entre diversos conflitos, enquanto vagueia pelo submundo de Barcelona. Ele tudo faz para salvar os seus filhos e reconciliar-se com um amor perdido enquanto a sua morte parece cada vez mais próxima.
“Biutiful”, a beleza e o encantamento das, e nas, pequenas coisas. Depois de alguns erros cometidos nos filmes anteriores, o realizador consegue quase como que voltar ao ponto de partida, dando ênfase à realidade que quer mostrar, sem exagerar na atenção dada aos atores e aos seus desempenhos. Com isto, consegue assim com que a própria atuação de Javier Bardem sobressaia. O ator espanhol tem um desempenho muito sóbrio, sendo competente ao longo de todo o filme.
Volta também o olhar cuidado e rigoroso no que toca aos pormenores, que parecia ter-se esvaído. Ressurge assim a importância dada ao cenário, que dá uma projeção muito maior e que potencia muito mais o filme.
“Biutiful” arrecadou duas nomeações para o prémio máximo do cinema. Melhor ator principal, pelo desempenho de Bardem, bem como melhor filme estrangeiro, a segunda alcançada por Iñarritu na mesma categoria.
“Amor Cão” (2000)
Sinopse: Um terrível acidente de carro conecta três histórias, cada uma envolvendo personagens que lidam com a perda, o arrependimento e as duras realidades da vida, tudo em nome do amor.
O primeiro filme de Iñarritu, e também o primeiro da trilogia espiritual criada pelo realizador, define-se por ser super realista, forte e intenso. A realidade transposta para a grande tela é extremamente fidedigna. Duro, capaz de fazer verter muitas lágrimas, o primogénito de Iñarritu é extremamente complexo, onde a atenção dada aos pormenores é enorme. Não poupado aos detalhes, o filme consegue assim dar-lhes a devida importância, sendo meticuloso na forma como os apresenta.
Longe de poder ser encarado como um filme de puro entretenimento, “Amor Cão” mostra o caminho para a inevitável decadência. Repleto de boas personagens, com muito conteúdo e com desempenhos similarmente consistentes. Tem em Gael García Bernal um dos pilares mais sólidos que sustentam aquele que posteriormente, se tornará provavelmente um clássico.
O filme mexicano recebeu uma nomeação ao Óscar na categoria de melhor filme estrangeiro.
“The Revenant: O Renascido” (2015)
Sinopse: Durante uma expedição pelo interior do território americano, na década de 1820, ainda habitado por tribos indígenas, um caçador e explorador é atacado por um urso, que o deixa à beira da morte. Abandonado pelos seus companheiros e gravemente ferido, vê-se numa luta desesperada pela vida.
Sem medo de arriscar, Iñarritu consegue mais uma vez surpreender pela positiva. Fá-lo com uma realização única, perturbadora, muito bem executada, fornecendo assim a quem vê uma experiência completamente diferente. Com uma fotografia bela e uma caracterização esplêndida, a última longa-metragem de Iñarritu revela-se uma odisseia de sacrifício, revolta e superação.
O filme que conta a verdadeira história do norte-americano Hugh Glass, relatada na obra “The Revenant: A Novel of Revenge”, valeu ao ator Leonardo DiCaprio o primeiro Óscar da carreira. Tanto DiCaprio como Tom Hardy têm um desempenho fabuloso.
Das doze nomeações ao Óscar recebidas, “The Revenant: O Renascido” conseguiu vencer três desses prémios. Foram eles o de melhor ator principal, melhor realizador e melhor fotografia.
“Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” (2014)
Sinopse: Um ator sem sucesso, completamente frustrado. Após ter vestido a pele de um super-herói icónico (Birdman) viu a sua carreira desmoronar. Agora tenta relançar a mesma escrevendo e estrelando a sua própria peça de teatro.
O título da peça de teatro (e do filme) que serve para colocar uma questão deveras importante na procura do saber: é melhor saber que se sabe ou não saber que não se sabe? “Birdman (ou A Inesperada Virtude da Ignorância)” dá a melhor resposta possível.
Uma realização nunca antes vista, muito centrada na personagem principal, mas com todo o propósito. Não coloca de parte as outras personagens, concedendo-lhes o tempo adequado para poderem aparecer, fazer a diferença e brilhar.
A comparação entre as personagens do filme e os atores que as interpretam é inevitável. Seja pela procura incessante de voltar à ribalta, pela exuberância que impõem em qualquer situação ou pela conflitualidade criada com tudo e com todos.
“Birdman” alcançou quatro estatuetas douradas para as nove em que foi nomeado.