Existem séries que ninguém consegue esquecer, seja pelo enredo, pelas personagens ou pela magia que fica no ar após o seu término. Séries tão completas que não deveriam ter fim.
Termos técnicos? Não é disso que falo – é da história em si, do contexto e da ligação que o espetador cria com a mesma. Prison Break está de volta. E surge um toque de nostalgia naqueles que intrinsecamente a viveram: e a minha adolescência foi, de facto, marcada pela mente habilidosa de Michael Scofield, pela humildade e amizade de Sucre e pela teimosia corajosa de Lincoln.
A narrativa engloba a história de dois irmãos, Michael Scofield e Lincoln Burrows, preso injustamente através de uma história em segundo plano (que gradualmente se torna a trama principal da série), numa conspiração executada pela Companhia. Numa tentativa de o ilibar, o irmão deixa-se prender após uma “tentativa” de assalto a um banco. A história adensa-se: Michael é engenheiro civil. No seu corpo, tatuou o plano de fuga e a planta da Penitenciária de Fox River – se parece uma ideia engraçada, é porque de facto o é. Dados como o tamanho dos parafusos necessários, a fórmula usada para demolir paredes facilmente – tudo isso está tatuado no corpo de Michael num plano brilhante e bem engendrado que tem tudo para correr mal, ao mesmo que tempo que tem tudo para correr bem. E ainda há Sucre! Que se tornou o exemplo de amizade e lealdade para os fãs da série num papel impecavelmente bem trabalhado. E o resto são spoilers.
Contudo, se por um lado os “heróis” são brilhantes, o que dizer dos “vilões”? De Abruzzi a T-Bag, passando pelo guarda prisional Brad Bellick. É algo que Paul Scheuring, o criador, conseguiu atingir de forma excecional: o background das personagens, trazendo à tona pormenores íntimos das mesmas, torna estes pequenos anti-heróis em vilões enraizados e muito marcantes nas vidas de Scofield e Burrows, assim como todas as personagens secundárias que vão sendo introduzidas ao longo das quatro temporadas – Veronica, Mahone, Whistler.
“We are captives of our own identities, living in prisons of our own creation” – Theodore Bagwell.
A liberdade é o tema chave: a fuga é constante, a luta por uma vida livre de culpas, tormentos do passado e desamores. O espetador, por um lado, vê-se envolto em mistérios e sub-histórias, ao mesmo tempo que ganha uma mínima noção tanto do sistema prisional como da corrupção judicial. Acima de tudo, cada episódio é uma surpresa, a cada momento tudo pode mudar, o plano nunca vai ser o mesmo e as condicionantes nunca acabam, novas personagens trazem novas histórias, novas oportunidades, novos caminhos.
Foram quatro temporadas – agora chega-nos a quinta, a derradeira, com o elenco original e uma explicação plausível, segundo a produtora, para a continuação de Michael Scofield (interpretado por Wentworth Miller) na sequela. Quão mágico é este momento para os fãs da saga? As opiniões dividem-se: entre os que anseiam pela estreia e os que torcem o nariz ao seu regresso. Porquê? Porque Prison Break é uma série que fica para sempre, e não será nada fácil igualar o sucesso das primeiras quatro temporadas. A ver vamos.