Baseado no romance policial “The Book of Mirrors” de Eugen Chirovici, “Sleeeping Dogs” ou “Sleeping Dogs: A Teia” conta história de Roy Freeman (Russel Crowe), um ex-detective de homicídios, faz um tratamento para as suas falhas de memória devido os primeiros estágios de Alzheimer.
Quando recebe uma chamada de uma jornalista, conversa com um homem que foi preso por ele e que está no corredor da morte, além da surgimento de uma estranha morte relacionada, Roy terá que investigar de novo o seu antigo caso brutal que não se lembra para salvar a vida de um inocente.
Mas nem todos os casos devem ser reabertos, nem todas as verdades morrem com o tempo.
Premissa interessante, mas mal trabalhada
Desde que li a sinopse, eu achei a ideia deste filme de suspense policial com bastante potencial!
Um detetive com demência a investigar um caso do seu passado não deixa só de ser uma boa base como também convida o espetador entrar de cabeça na história para tentar decifrar o tal mistério. Assim, a premissa mostra muita potencialidade, e a decisão do filme de ser uma mistura de um drama com um policial pareceu, de início, acertada.
Os primeiros minutos de introdução a apresentar o personagem principal, com os vários post-ist espalhados pela casa, mostrando como este se desenrasca com aquela condição, cria logo um clima para o filme. E a introdução da problemática pareceu-me bem executada.
Porém, após isso, o filme desanda!
Não porque este fica terrível de assistir, mas sim porque este começa a mostrar as suas verdadeiras fragilidades: Falta de ritmo e incongruências narrativas. A falta de ritmo vem das várias vezes que tenta investir em flashbacks sem grandes informações ou, a dado momento, este ritmo é quebrado por um sub-trama expositiva que tenta dar contornos suspeitos a várias personagens. Já a incongruência vem da falta de atenção dos argumentistas Adam Cooper e Bill Collage, como é o caso de Roy não saber o próprio nome, mas conseguir fazer “interrogatórios” perfeitos para conseguir pistas, ou os casos das facilitações da narrativa para superar alguns desafios.
Muito drama, pouca ação e surpresas previsíveis
Se no início eu achei que a ideia de se assentar no drama policial parecia promissor, mais à frente, percebo que o filme toma decisões questionáveis para o fazer. Ao tornar a ação mais secundária, esperasse que esta possa pelo menos impactar quando aparece. E impacta! Mas só num momento! No outro, no clímax do filme, este parece murcho sem grande ânimo, destabilizando ainda mais o seu ritmo desigual.
Quanto à grande revelação do mistério esta é….boa!
Embora pareça que os argumentistas achem que esta é uma grande revelação, esta é só no mínimo morna. Admito que me surpreendi, talvez por estar demasiado preso no filme. Mas agora, quando analiso na cabeça, ela é previsível! E as explicações que o filme tenta justificar para os vários envolvidos parece demasiado confusa.
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Elenco de Peso com personagens sem substância
Muito dificilmente podemos afirmar que o elenco não é bom no que faz, mas com certeza que o argumento não ajuda o trabalho deles.
Russel Crowe, a grande estrela deste filme, brilha numa das suas interpretações que eu mais gostei deste ano. Desde os seus olhares perdidos e ingénuos, as suas pausas confusas, o ator consegue transmitir toda a verdade do seu personagem que sofre com alzheimer. Vê-se que o ator estar a dar de tudo para o personagem! Contudo, quando vemos as memórias perdidas do seu passado esquecido, este parece perder um pouco a essência da personagem, caindo numa interpretação mais carrancuda. Não é terrível ao ponto de estragar a experiência, mas não deixa de ser um grande contraste. Felizmente, não acontece muito ao longo do filme!
Já o resto do elenco luta com o que pode para tornar os seus personagens convincentes. Tommy Flanagan, que interpreta Jimmy Remis, antigo parceiro de Roy, não consegue muito além de só deixar mais desconfiança para o seu personagem. Já Karen Gillen, que dá vida a Laura Baines, cai muito num estereotipo de “Mulher fatal”, mesmo que a atriz tente nadar contra essa corrente.
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Mais um filme que será esquecido futuramente
“Sleeping Dogs” apresenta com uma boa ideia, no qual a execução e a forma como a exploram não parece consegue tirar todo o potencial, sendo assim um filme desequilibrado e anémico. Felizmente, Russel Crowe está cá para agarrar nossa mão e deixar a experiência no mínimo interessante, mesmo que isso não impeça o filme de cair no esquecimento.