Talento, rigor e maturidade são algumas das palavras que melhor definem o trabalho realizado por Amy Adams enquanto atriz.
Filha de pais norte-americanos, a atriz nasceu em Veneza no ano da revolução lusa. Compartilha a cidadania herdada dos seus pais com a italiana. Trabalho árduo, bastante persistência e muito talento ajudam a delinear os feitos já conseguidos por Amy Adams.
Tendo já participado em 36 filmes, Adams deu início à sua carreira de atriz em 1999. Fê-lo com um pequeno papel no filme “Linda de Morrer”. Todavia, a atriz tem o seu primeiro grande desempenho no filme “Junebug”, em 2005. Passados dois anos, volta a ter um papel de grande preponderância, mas não muito difícil de interpretar: Giselle em “Uma História de Encantar”.
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O reconhecimento foi rapidamente alcançado, conseguindo a atriz alcançar o privilégio de trabalhar com grandes realizadores, tanto da velha guarda, como são os casos de Steven Spielberg em “Apanha-me Se Puderes”, e Mike Nichols, em “Jogos de Poder”, bem como de realizadores mais jovens, como por exemplo Paul Thomas Anderson, em “The Master – O Mentor” e Denis Villeneuve, em “O Primeiro Encontro”.
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Com diversos pequenos papéis em início de carreira e, continuando a pontuar a mesma com determinados papéis de menor responsabilidade, é nesta fase da carreira em que se encontra que tem a concentração de personagens mais difíceis de interpretar e que requerem mais esforço. Mesmo em filmes não tão falados e que não atingiram a popularidade de outros, como são os casos de “Olhos Grandes”, “O Primeiro Encontro” e “Animais Noturnos”, Amy Adams consegue desempenhos sólidos e sempre com grande rigor.
Ashley em “Junebug” (2005)
Personagem: Uma mulher grávida que vive uma relação tensa com o seu marido e que acredita que um bebé irá resolver todos os seus problemas conjugais. É também a única pessoa que recebe de bom grado na família uma mulher recém casada com o seu cunhado.
Um drama bastante cómico que tem nas interpretações dos atores, principalmente na de Amy Adams, o seu grande suporte. A atriz tem um desempenho extremamente bem conseguido, embora num filme que teve pouco impacto.
Contrariamente ao filme em relação à indústria do cinema, esta personagem teve um tremendo impacto na carreira da atriz. É como que o desabotoar de um flor. A flor já algo formada e que se revela de uma forma estonteante. É “Junebug” o filme que faz catapultar a atriz para uma carreira que já se está a tornar longa.
Amy Adams, com o seu desempenho neste filme, arrecadou a sua primeira nomeação para o Óscar. No caso, o de melhor atriz secundária.
Realizador: Phil Morrison
Irmã James em “Dúvida” (2008)
Personagem: Uma freira que suspeita da relação criada entre um padre e um aluno recém chegado à escola católica.
O florescer da flor continua e começa a ganhar proporções bem significativas. Aqui, o desempenho de Adams é bastante sólido e consistente. Em suma, a atriz consegue que a sua personagem se feche sobre ela mesma e que não permita verdadeiramente que revele qualquer emoção sentida. Sem reação, de forma propositada, ao longo de todo o filme, Adams executa o seu papel da melhor forma.
É a personagem de Adams que dá o mote ao filme. É ela que, involuntariamente ou não, coloca em questão a personalidade do padre, atirando a primeira acha para uma fogueira sem fim à vista. A “Dúvida” permanece ao longo de todo o filme, e persiste para além do término deste. Para além das inúmeras questões éticas que surgem ao longo de todo o filme, este deixa-nos outras que são bastante pertinentes de abordar. Mais do que “Que lado escolhemos?“, a pergunta fundamental deve ser outra: “Será que devemos escolher um lado?“. Se depois quisermos escolher um lado, devemos refletir porque o fazemos. E, aí, questionar o que nos leva a escolher um determinado lado.
Amy Adams conseguiu outra nomeação para o Óscar de melhor atriz secundária com a interpretação deste papel.
Realizador: John Patrick Shanley
Charlene Fleming em “The Fighter – Último Round” (2010)
Personagem: Uma empregada de bar, que outrora foi uma ex-atleta universitária, e que tem um relacionamento com Micky Ward (Mark Wahlberg), um pugilista com uma carreira não muito bem sucedida.
Esta é a primeira de duas colaborações com o realizador David O. Russell. A personagem e, por conseguinte, a interpretação de Amy Adams, revela-se, no início, de forma propositada, algo despreocupada e com pouca densidade. E é isso que mais tarde ajuda bastante para que a história do filme se desenvolva da melhor forma.
Uma personagem relativamente simples de interpretar, que vai ganhando um certo peso no filme à medida que este vai avançando. Com um grupo de pares cheio de talento, como são os casos de Christian Bale e Melissa Leo, Adams não se acanha e desenvolve a sua personagem da melhor forma. Mesmo com a atuação monstruosa do ator galês e a brilhante performance da atriz nova-iorquina, a atirz italo-americana consegue sobressair, o que por si só já é um feito a considerar. Faz, portanto, com que o filme consiga atingir um patamar superior no que à qualidade diz respeito.
Amy Adams voltou a ser nomeada para o Óscar de melhor atriz secundária com o desempenho desta personagem.
Realizador: David O. Russell
Peggy Dodd em “The Master – O Mentor” (2012)
Personagem: Esposa do líder de um movimento filosófico, do qual é também uma seguidora convicta, conhecido como “A Causa”.
O carnaval das emoções que tem três líderes: o que comanda o filme; o que comanda a história; e o que comanda quem vê. Tem também uma figura com um papel, aparentemente, pacificador. No entanto, revela-se como sendo alguém que instiga o conflito e que gere as situações da maneira que lhe é favorável. Este último é o papel de Amy Adams.
O filme vive numa apatia algo mascarada por um frenesim constante que dura do princípio ao fim. As personagens, igualmente apáticas, mas com atitudes frenéticas, conseguem dar ao filme exatamente o que ele necessita. E a personagem de Adams não é certamente exceção. Com enorme conteúdo, singular, muito peculiar, cheia de traços muito próprios, é um dos papeis que mais se distinguem de todos os outros que a atriz já tinha interpretado anteriormente.
Amy Adams foi nomeada para o Óscar de melhor atriz secundária com o seu desempenho neste filme.
Realizador: Paul Thomas Anderson
Sydney Prosser em “Golpada Americana” (2013)
Personagem: Uma mulher que vive um relacionamento com um vigarista e que o ajuda a melhorar os seus modos de atuar. Ambos se vêem quase obrigados a trabalhar para o FBI, o que os empurra para o lugar onde estão os nomes grandes da máfia de Nova Jérsia.
Amy Adams é sinónimo de maturidade. A cada novo filme a atriz vai tornando-se, obrigatoriamente, cada vez mais experiente e seguindo o caminho que é suposto, ficando mais madura. É aqui que a atriz marca pela diferença. A atriz aprendeu a usar da melhor forma essa mesma experiência e maturidade que foram adquiridas ao longo do tempo.
Nesta longa-metragem, a atriz tem dupla segunda colaboração, com o realizador e similarmente com Christian Bale. O conhecimento da maneira de trabalhar de ambos adquirido anteriormente, revelou-se uma mais valia tanto para a construção da personagem, bem como para o desempenho do papel. Uma personagem mais exuberante, excêntrica, igualmente diferente das que já tinha interpretado outrora, que se vai revelando ao longo do filme, sendo notório um claro crescimento.
Amy Adams recebeu, com este desempenho, a sua quinta nomeação ao Óscar de melhor atriz, pela primeira vez, por um papel principal.
Realizador: David O. Russell