Chegou ao fim a temporada do homem mais rápido do mundo. Barry Allen é um jovem assistente forense que ajuda a polícia de Central City; assim que há uma explosão numa espécie de central nuclear denominada STARLabs, Barry é atingido por um raio que lhe dá o poder da velocidade. Mas Barry não foi o único, muitos outros que foram atingidos pela explosão desenvolveram poderes especiais e, nem sempre, os usam para ajudar o próximo. Com os seus brilhantes cientistas companheiros, Cisco e Caitlin, Barry parte para a maior aventura da sua vida, em que junta a busca pelo assassino da sua mãe com o de salvar a sua cidade dos criminosos.
É incrível a jogada da The CW na forma como concilia as séries de super-heróis umas com as outras. Através do sucesso de Arrow nas audiências foi possível criar alguns spinoffs para manter vivo o espírito das bandas-desenhadas da DC Comics. The Flash é, até então, o caso de maior sucesso. As comparações com o arqueiro verde são inevitáveis, mas as melhorias são desequilibradas em relação aos dois, onde a equipa de guionistas parece evitar as falhas que provocaram nas aventuras de Oliver Queen e companhia. Ao contrário de Arrow, The Flash não “atira” as personagens para a narrativa, mas desenvolve-as gradualmente para cativar a atenção do público; também aposta no tratamento de vilões que causam todo o tipo de reações ao espectador e joga com a ficção científica de forma audaz sem prejudicar o fator humano dos intervenientes.
Grant Gustin, que lidera o elenco, afirma-se como uma escolha sensata, uma vez que o seu rosto simpático e confiante adequa-se como uma luva à personagem de Barry, equilibrando a narrativa com a evolução sistemática dos seus objetivos. Para além dele, (quase) todos os membros do elenco estão competentes nas suas prestações e todos eles têm um papel crucial na construção da história em torno do herói veloz. No entanto, a prestação baça e sem vida de Tom Cavanagh como Harrison Wells deita a perder alguma da credibilidade nos momentos mais drámaticos onde o ator parece estar a sorrir ao mesmo tempo que tenta permanecer sério. Para além do elenco agradável, a escrita em “The Flash” é superior à de “Arrow”, assim que resgata o espírito da série dos anos 90 onde John Wesley Shipp (o Flash da série antiga) representa o pai do protagonista e Mark Hamill repisa o seu papel como Trickster. A maneira como os argumentistas procuram manter a narrativa ativa, aproveitando material antigo como fonte é, inquestionavelmente, uma marca de qualidade. E, para além disto, procuram dar um toque de imprevisibilidade ao guião oportunamente, cortando com a fórmula característica da The CW de girar a história em torno do seu protagonista. Quando se pensa nas aventuras de Barry Allen, as memórias de viagens no tempo e de experiências científicas saltam à memória e a maneira como este aspeto é transmitido para o público é um “pau de dois bicos”; no entanto, a equipa da série manteve-se coerente na escrita, facilitando o entendimento do espectador sem parecer demasiado presunçosa, adicionando uma pitada de criatividade ao guião.
O final da temporada é, também ele, um festim visual uma vez que temos as doses certas de humor e drama, fantasia e realismo. E, para além disto, abre portas ao novo spinoff já agendado para a próxima temporada de séries em 2016, “Legends of Tomorrow”. Por mais incrível que pareça, falar de Barry Allen e de Oliver Queen, por muito que seja difícil a separação entre ambos, é algo muito diferente mas, para já, Barry Allen conquistou a medalha de ouro e, certamente, irá manter o título nos próximos capítulos.