Estreado a meio da década de 70´s, será que o clássico de terror “The Omen” continua a ter o mesmo impacto em 2020 como tinha há quase 40 anos atrás?
O filme venceu um Óscar e foi nomeado ao Globo de Ouro de Melhor Jovem Ator, para Harvey Stephens.
Somente 3 anos após a estreia do extraordinário “O Exorcista” (1973), “The Omen” – ou também conhecido em português como “O Génio do Mal” – volta a ser um filme de terror que debate o tema de um espírito diabólico no corpo de uma criança. Porém, neste caso, não está a possuir uma criança comum. A própria criança é o ser diabólico.
A história começa quando o nosso protagonista Robert Thorn (Gregory Peck) se encontra em Roma após o seu filho ter falecido após o parto. No hospital católico é confrontado com uma decisão: aceitar ou não um bebé que nasceu no mesmo dia que o seu, sem pai nem mãe, adoptando a criança sem conhecimento da sua mulher.
5 anos mais tarde, Thorn e a sua mulher Katherine (Lee Remick) verão a vida familiar e social entrar num tumulto absoluto, revolvida entre mortes súbitas e previsões aterradoras. E, pior que tudo, é que o seu filho adoptivo pode estar no centro de todo este caos.
Desde a sua estreia em 1976 que já muito se discutiu e se explorou sobre “The Omen” e a sua atribulada produção. Desde ser rejeitado por estúdios, relâmpagos atingirem os aviões de membros da equipa e do actor principal, tal como acidentes de automóvel fatais. É devido a isto e muito mais que se fala que o filme estava amaldiçoado.
Numa altura em que as produções de terror não eram vistas de sua forma como um género com veia artística para o cinema, “The Omen” veio contrariar essa perspectiva, tornando-se um ícone no cinema de terror e um grande influenciador para muitos mestres deste género até aos dias de hoje.
Mas agora faremos tabula rasa às histórias de bastidores do filme e tirando da mente a influência duradoura deste filme. Será que “The Omen” continua a ser tão espectacular hoje em dia como o era aquando a sua estreia?
Comecemos pelos aspectos mais positivos do filme
Conhecido mais pelo seu trabalho dramático e em westerns na altura, Gregory Peck foi uma escolha arriscada para o protagonista deste filme de terror. Mas o papel de um pai preocupado com a sua família assentou-lhe como uma luva, acrescentando o lado dramático da trama e transpondo uma realidade a um enredo tão místico. Para além de Peck, o papel de Damien, o filho do Diabo, foi entregue a Harvey Stephens e não havia melhor escolha para este papel. A presença do jovem tem tanto de inocência como de desconcertante, com um olhar profundo que nos corrói a alma. Apesar de todo o elenco estar óptimo, Peck e Stephens destacam-se positivamente e elevam o enredo e cada cena em que aparecem.
É impossível fazer um artigo de opinião de “The Omen” sem falar sobre a magistral banda-sonora pelas mãos de Jerry Goldsmith. Este soundtrack galardoado com um Óscar – o único prémio da Academia para o filme – é o coração palpitante da história, o ritmo que caminha o enredo nos seus momentos mais altos e cria o ambiente nos mais calmos. É um feito notável que ainda é imitado nos dias de hoje e que, em muitos casos, não conseguem extrair a essência imposta por Goldsmith neste clássico.
É preciso realçar, ainda, a fotografia a cabo de Gilbert Taylor, que compõe imagens que têm a intenção de ficar presas para sempre na memória do espectador. Seja numa simples sobreposição de personagens no reflexo de um vidro ou nos momentos mais terroríficos, em que Goldsmith nos perturbar com planos amplos que não deixa nada a esconder, o cinematógrafo faz de tudo para nos impressionar e sem dúvida que o consegue.
Os aspectos menos positivos
Porém, apesar do impacto cultural até aos tempos de hoje e de tudo o que faz do filme um clássico intemporal, a verdade é que há alguns aspectos de “The Omen” que o colocam um pouco datado.
Muito deste prazo de validade deve-se à edição do filme, que é um pouco instável. Em momentos faz cortes repentinos, desconcertando o espectador, como também deixa um plano fechado durante demasiado tempo, conferindo um ritmo lento, especialmente no início do filme, que retira muito do entusiasmo ao espectador em continuar a ver até aos momentos finais.
O argumento também retira algum do impacto do enredo ao mastigar um pouco a sua história através da repetição de diálogos e de explicar em demasia certos aspectos do oculto que agora, para a maioria da audiência, já são bastante comuns e não precisam de explicação para seguir a história sem obstáculos.
Estes factores e alguns aspectos mais técnicos colocam nos ombros de “The Omen” a idade que já em, tornando-se um filme mais difícil de revisitar como muitos dos seus contemporâneos.
“The Omen” é um dos filmes obrigatórios para qualquer amante de terror. Não poupando em mostrar o lado terrorífico de um drama familiar, existem muitos pontos impressionantes que influenciaram até aos dias de hoje. Apesar de datado, é certamente um clássico que merece estar no lugar onde se encontra na história do cinema.