Depois de fazer furor nos Óscares com “12 Anos Escravo”, Steve Mcqueen regressa com “Viúvas”. Um thriller poderoso que volta a colocar o realizador no rumo dos prémios.
Este “Viúvas” conta a história de um assalto que corre mal. Os quatro criminosos, entre os quais Liam Neeson e Jon Bernthal, morrem quando a sua carrinha explode. Assim, as então viúvas, mais propriamente Veronica (Viola Davis), Linda (Michelle Rodriguez) e Alice (Elizabeth Debicki), terão de se unir para planear e realizar um assalto, de forma a conseguir pagar a quem os maridos assaltaram e ainda conseguir refazer as suas vidas.
Este novo filme de Steve McQueen tem todo o potencial de estar presente entre os nomeados da Academia em várias categorias. Nesta crítica, vou falar de “Viúvas” por ordem de potencial presença nas categorias dos Óscares.
Comecemos pelas performances – todos os atores dão 110% de si para dar vida a estas personagens. Já foi muito mencionada a incrível performance de Viola Davis, bem como a sua potencialidade para vencer um Óscar. É incrível a capacidade que a atriz tem de representar uma mulher forte e frágil ao mesmo tempo. Decidida nas suas convicções, mas com muitas dúvidas internas. Porém, deve-se ainda salientar o trabalho de Daniel Kaluuya, com um papel intimidante e magnetizante que rouba todas as cenas em que se encontra, e de Elizabeth Debicki e Cynthia Erivo, ambas caras mais recentes no mundo do Cinema mas que demonstram que têm uma grande carreira à sua frente.
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Steve McQueen volta a mostrar o porquê de ser um dos realizadores mais apreciados dos últimos tempos. Em conjunto com um fantástico argumento de Gillian Flynn, escritora de “Gone Girl” e de “Sharp Objects”, oferece-nos um thriller dramático realista, com uma linha de fundo subliminar de sobrevivência numa América infligida por uma crise social e política dilacerante. As personagens têm o mesmo objetivo de sobreviver, cada uma à sua maneira, de acordo com o seu posicionamento social. No final transmite-se uma mensagem de auto-superação nos momentos mais difíceis da vida que irá ressoar com muitas pessoas.
Devido ao facto de ser povoado por muitas personagens, o filme aparenta uma sensação de pouco foco no seu decorrer. Isto porque não percebemos como todos os players do jogo se interligam. No entanto, com um ritmo deliberadamente lento mas consistente, tudo se interliga de forma estupenda no final, proporcionando revelações e twists que chocará a audiência.
Esteticamente, a fotografia de “Viúvas” ficou a cargo de Sean Bobbitt, parceiro recorrente de McQueen. O cinematógrafo compreende aquilo que a narrativa necessita, sendo que entre takes longos e ângulos de pormenor, consegue transmitir tanto com tão pouco. Acompanhado por uma banda-sonora composta pelo lendário Hans Zimmer, consegue-se transmitir tensão, beleza, epicidade e intimidade, com uma naturalidade pura.
“Viúvas” é um filme com cabeça, tronco e membros, encorpado por excelentes performances e um argumento imaculado. Apesar da sua longa duração e ritmo lento, tudo compensa no final para nos oferecer um filme que deve ser seriamente tido em conta pela Academia este ano.