A Maldição da Mulher Que Chora, de Michael Chaves, dá vida a uma lenda urbana mexicana real arrepiante e ao mesmo tempo surpreendente. Se fores fã de terror não deixes de ir ver, apesar de ser um filme esquecível e com pouco impacto no género.
Afinal do que se trata a lenda? de uma mulher mexicana que viveu no século XVI e acabou por ficar conhecida como La Llorona, ou em português, a mulher que chora. Ela marca as crianças e volta para as buscar sem piedade. Não vou revelar-vos mais nada sobre ela para manter o mistério e aguçar a vossa curiosidade.
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Anna (Linda Cardellini) é mãe de duas crianças, Chris (Roman Christou) e Samantha (Jaynee-Lynne Kinchen) e viúva. Trabalha como assistente social e a sua preocupação está em ajudar crianças a terem a infância que merecem. Ora, quando num caso vai a casa de Patricia (Patricia Velasquez), mulher mexicana, mãe de dois rapazes – Carlos (Oliver Alexander) e Tomas (Aiden Lewandowski) – percebe que algo de muito estranho se passa, pois a sua casa estava cheia de velas, símbolos e o mais estranho de tudo é que mantinha os filhos trancados. Perante isto, Carlos e Tomas são levados para uma instituição e no dia seguinte são encontrados afogados num rio.
Após o incidente, os filhos de Anna começam a alterar o seu comportamento e ocultar-lhe informações, aparecendo com marcas nos pulsos semelhantes às que os filhos de Patricia também tinham.
A narrativa tem uma boa premissa já que partir de lendas reais é uma forma de aproximar o cinema da própria realidade.
Eu estava bastante curiosa para ver como Michael Chaves ia realizar este filme, pois será ele a realizar o terceiro Conjuring que tem estreia prevista para 2020. Não posso dizer que fiquei desiludida, nem agradada. Considero que ele faz uma boa opção de uso da câmara, optando pela proximidade e pelo movimento que torna o filme não só dinâmico, como credível. Nós realmente torcemos para que esta família consiga ultrapassar as dificuldades.
No entanto, a realização também tem pontos negativos. A escolha do casting é sempre complicada quando toca a crianças e nem sempre se acerta. Embora a família passe uma imagem de que existe ali uma relação verdadeira de amor profundo, muito devido à representação de Cardellini, os pequenos atores estão muito robotizados nas suas expressões. Isso é mais notório na atriz que faz de Samantha. Fora isso, temos uma ótima atuação de Linda Cardellini e de Raymond Cruz que interpreta Rafael, um ex-padre e atual curandeiro que tenta ajudar a família.
Existem várias falhas ao nível do ritmo, sobretudo no segundo ato. Os personagens agem de forma estúpida e as demasiadas concordâncias de enredo, isto é, as facilidades criadas para a contar a história de dado modo, são notórias. Estas servem como distração – em vez de estarmos completamente imersos na história, estamos a questionar o porquê de ser assim e não de outra forma, já que a maneira escolhida não é a mais óbvia.
A comédia também nunca é um requisito que espero em filmes de terror, mas a pouca que surge neste filme não me incomodou tanto como em outros recentes, como por exemplo, Nós. Arranca um sorriso, mas claro, não era necessária, nem desejável.
Apesar de A Maldição da Mulher Que Chora não procurar inovar, recorrer aos mesmos clichés de sempre – sim, jumpscares tem bastantes -, deve ser visto por quem tem gosto pelo género ou que, pelo menos, deseja puro entretenimento temporário.