Akira: o brilho néon da tragédia japonesa

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O brilho néon da tragédia japonesa, da camaradagem e da solidão de viver na sombra de outros.

Passado no futuro distópico de 2019, o filme acompanha Kaneda e o seu amigo Tetsuo, motoqueiros que vagueiam pelas ruas de Neo-Tokyo e que batalham gangs rivais. Depois de um acidente com uma silhueta misteriosa, Tetsuo é levado pelo governo. Cabe a Kaneda resgatá-lo e desvendar o mistério por detrás do rapto.

Akira

Assistir a Akira é uma experiência assombrosa. A música, a animação, a história. Tudo rema impulsivamente para criar o ambiente de Neo-Tokyo, uma cidade que parece estar viva em cada imagem. O filme não dá qualquer exposição sobre a cidade, mas ficamos a conhecê-la como se lá vivêssemos há anos. Todas as cenas parecem ter sido cuidadosamente montadas, desenhadas com toda a atenção ao detalhe e focadas em tornar todos os prédios incandescentes em organismos que respiram lufadas de néon.

Akira

Momentos que apenas podem ser capturados em animação fazem com que Akira seja um mimo para os olhos: rajadas delicadas de vento levantadas por um helicóptero, laivos enraivecidos de explosões violentas. Fumo, fogo e poeira dançam com uma sinergia e graça arrebatadoras. Já contando com os seus 30 anos, é um filme que envelhece mas que se recusa a sentir velho.

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Akira

Akira raramente deixa o público respirar e ponderar, desdobrando continuamente destruição e caos em grande escala durante as suas duas horas de exibição. Mas, entre a ação incessante, também estão na mesa análises sobre ódio e instinto. O estilo e a substância correm lado a lado.

Akira

O filme foi animado através de células, um processo demorado em que todos os frames são desenhados à mão. Assim, sou quase que obrigado a realçar de novo a atenção ao detalhe que Akira tem, desde a luz e os seus vários tipos e tons, às imagens pitorescas dos colossos brilhantes que se erguem sobre Neo-Tokyo.

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Akira

Três décadas depois de sair, Akira continua a mostrar o melhor do género sci-fi no seu completo esplendor. É uma tragédia grandiosa. A união e a separação da carne e do aço, da borracha e do asfalto, da mente e do corpo… Bem como de duas crianças que apenas queriam viver a sua vida ingénua. Seria um sacrilégio não dar uma pontuação perfeita a este filme.

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