An American Pickle deu-nos um trailer divertido e promissor, que deixou todos os fãs de Seth Rogen a aguardar ansiosamente por este filme.
An American Pickle conta com Seth Rogen em dose dupla, na pele de um imigrante polaco preservado em pickles e do seu bisneto, um informático de Brooklyn.
Provavelmente foi a inspiradora ideia que convida logo a pensar nas infinitas possibilidades do encontro entre um polaco imigrante e o seu bisneto do século XXI.
An American Pickle é realizado por Brandon Trost e o argumento é de Simon Rich (que tinha escrito uma história semelhante para o The New Yorker). Neste filme, Rogen é Herschel Greenbaum, um judeu que trabalha na fábrica de pickles. Num dia absolutamente normal, Herschel cai no banho de salmoura e é conservado durante 100 anos.
Logo à partida, vemos uma pequena introdução sobre a vida de Herschel e como ele trabalhava arduamente por tudo aquilo que queria. Até o seu maior desejo era uma coisa simples como provar água gaseificada.
Herschel era de origens humildes e após casar com Sarah (Sarah Snook), viram-se obrigados a fugir dos Cossacks, devido ao ódio que estes tinham por judeus. Decidiram ambos ir para Nova Iorque, onde Herschel acaba por cair no banho de salmoura da fábrica de pickles onde trabalhava.
Após 100 anos de conservação, Herschel é acordado e depois dos exames médicos, a equipa de investigadores conclui que Herschel está absolutamente saudável e chama o seu bisneto Ben Greenbaum (também interpretado por Rogen) para ficar com ele.
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As interacções entre Herschel e Ben tentam ser cómicas, mas deixando sempre um ambiente desconfortável no ar. Afinal, Ben pensava que não tinha mais família e estava demasiado ocupado a desenvolver a sua app Boop Bop para pensar nisso.
Durante as primeiras conversas, seria de esperar alguma menção sobre a Segunda Guerra Mundial ou Ben poderia ter dito mais sobre a infância. No entanto, parece que esta “comédia” foi filtrada para não haver ataques a Rogen e à sua carreira. Consequentemente, tudo gira à volta de água gaseificada…
Também seria de esperar mais humor quando Ben apresentou Herschel a este novo mundo. Onde está a típica ida ao Starbucks ou KFC ou uma ida ao mercado vintage onde habitam todos os hipsters de Nova Iorque? Acho que seria isto que os espectadores mais aguardavam. Esta parte foi infelizmente esquecida, passando logo para a segunda parte do filme, a briga entre Herschel e Ben.
Herschel acaba por destruir todas as hipóteses que Ben tinha de vender a sua app e Ben fica furioso. Herschel tenta dar uma lição ao bisneto, dizendo que ele precisa de um emprego humilde como… Vender pickles!
Herschel torna-se um magnata dos pickles graças a uns hipsters e ao poder das redes sociais. Graças à briga com Ben, Herschel também descobre o Twitter! Uma excelente plataforma para dizer tudo… Literalmente tudo.
O filme acaba com Herschel e Ben a fazer as pazes, porque apercebem-se que a família é o mais importante e que juntos podem fazer sucesso nas suas respectivas áreas. Um final comovente, mas onde não vemos nenhum dos dois a atingir os seus objectivos: um app popular ou uma fábrica de pickles bem sucedida…
Quando o filme faz a escolha de ter o mesmo actor para dois papéis diferentes que interagem regularmente, há certas medidas a tomar para parecer genuíno. Cada parte da tela é dedicada a uma performance, com o grande desafio de no fim, a cena tem que ser fluida.
Rogen faz uma performance brilhante, com todos os detalhes no ponto. Rogen já fez dupla noutros filmes de comédia com actores como Jonah Hill ou Rose Byrne, mas fazer dupla consigo próprio… Foi um desafio e foi bem superado.
An American Pickle é um drama com uma ideia inovadora, mas cujo potencial não foi aproveitado. Alguns momentos cómicos e comoventes, mas Rogen desperdiça aqui uma excelente oportunidade para brilhar.
An American Pickle está disponível na HBO Portugal.