Blink Twice (“Um Sinal Secreto” em português) chega aos cinemas nacionais a 22 de Agosto de 2024, mas o Cinema Planet teve a oportunidade de ver em primeira mão a estreia de Zoë Kravitz como realizadora!
Slater King (Channing Tatum), um milionário da tecnologia. Slater conhece Frida (Naomi Ackie) numa festa de beneficência e convida-a para se juntar a ele numas férias de sonho. Uma ilha paradisíaca, celebridades e toda uma vida que Frida sempre sonhou ter. À medida que as coisas deixam de ser o que parecem, Frida questiona a sua realidade e as pessoas que a rodeiam.
Pontos Fortes
Realização
Zoë Kravitz tem uma brilhante estreia nesta área. Não podendo dizer que foi uma “inovação” ou que adotou técnicas nunca antes vistas, mas mostra-nos uma perspetiva muito concreta do que quer mostrar e como quer mostrá-lo. Toda a gestão dos planos fechados e abertos, dos silêncios e dos olhares, funcionou muito bem num filme onde é suposto estarmos no limite da curiosidade o tempo todo.
O argumento não terá um destaque nestes Pontos Fortes (a razão está nos Pontos Fracos, abaixo), mas também ele foi bastante competente e com as reviravoltas certas, nos sítios certos. A primeira ideia para o filme surge em 2017, durante as filmagens de Fantastic Beasts (onde Kravitz interpreta Leta Lestrange) com um único nome “Pussy Island”. Começaram a surgir ideias sobre o que poderia acontecer nesta ilha hedonista e é assim que começa a segunda experiência de Kravitz como argumentista (a primeira foi para um episódio da versão de 2020 de High Fidelity, que não quero comparar por ser um formato diferente), bem como a parceria com E.T. Feigenbaum (conheceram-se nessa mesma série) – que parece ter resultado muito bem!
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Interpretação
Naomi Ackie é, de longe, a estrela do filme. Um interpretação brilhante, focada na linguagem não verbal e na reação física, Naomi consegue navegar as emoções de Frida do 8 ao 80, em poucos segundos. Acredito que a realização de Kravitz tenha beneficiado muito a performance de Naomi, e estamos sempre do lado da Frida o tempo todo.
Apesar do Channing também outros filmes onde aparece com pouca roupa, a sua performance destaca-se pelas mesmas razões que a de Naomi – é todo um trabalho de close-up, de olhares, de pequenos tiques faciais que nos vão dizendo as intenções de King Slater. Além disso, é um género diferente para Tatum, bastante afastado da comédia e da fantasia a que nos tem habituado nos últimos anos.
As personagens principais merecem um destaque nesta crítica, nomeadamente Christian Slater, Simon Rex e Haley Joel Osment – que não tendo personagens com grande profundidade, têm uma entrega brutal, “estando sempre presentes” mesmo quando a cena não é sobre eles.
Fotografia
Adam Newport-Berra (Euphoria, The Bear) e Kathryn J. Schubert (The Wall, Green Room) tiveram um trabalho notável, que em colaboração com Kravitz, se transformou num filme muito bonito um sincero – um visual divertido e sofisticado, com uma atenção brutal ao detalhe em cada cena do filme. Em todos os planos há muitos sítios para onde olhar, muitos pormenores a descobrir, que podem ou não tornar-se mais significativos à medida que a história se desenrola – afinal, essa é também a beleza do suspense! Kravitz vai-nos dando as pistas da história, mas são tão diluídas na ação e distribuídas de tal forma, que ainda consegue surpreender.
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Pontos Fracos
Apesar de todos os elogios, não deixa de ser um filme com alguns detalhes que podem ser melhorados.
Lacunas no Enredo
Existem várias informações que são relatadas, para dar contexto às personagens, mas não explicadas. Um exemplo – spoiler alert – embora saibamos que Slater se ausentou da empresa, apenas podemos supôr que foi algo que levou a um escandâlo mediático, nunca sendo revelado concretamente o que aconteceu. O final, embora seja “claro”, não deixa de ser um final aberto – sabemos o que aconteceu às personagens, não tanto “como” aconteceu.
Ainda assim, este “Ponto Fraco” pode tornar-se “Ponto Forte” se Zoë Kravitz e/ou E.T. Feigenbaum pegarem nestas lacunas e desenvolverem um franchising à volta da vida de Slater. Se isto acontecer, leram aqui primeiro!
Contextualização demasiado Extensa
Como é de conhecimento geral, os filmes têm ficado cada vez maiores mas nem sempre precisamos de tantos minutos para que uma história seja contada. Uma grande parte da ação na quinta de Slater é repetitiva e extensa nalguns momentos – não precisamos de cinco noites diferentes para percebermos a dinâmica de grupo.
Avaliação Final de Blink Twice
Produzido pela Amazon MGM Studios, Blink Twice é um thriller psicológico que acrescenta muito ao seu género, mostrando uma história aterradora e sem pudores gráficos – há sangue quando é preciso sangue, há lágrimas quando é preciso lágrimas. A visão de Zoë Kravitz é clara, minuciosa e crua – tudo o que precisamos numa realização que nos tem de guiar pela história, nunca deixando de nos colocar em alerta sobre os perigos vindouros.
Blink Twice merece ser visto no grande ecrã, por isso não percam! Nos cinemas a partir de dia 23 de Agosto, em todo o país.
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