“Corpus Christi” é o filme polaco nomeado para Melhor Filme Estrangeiro pela Academia – e é uma viagem e lição de fé em ambientes hostis.
“Corpus Christi” (ou “Boze Cialo” na versão original) conta-nos a história de Daniel (Bartosz Bielenia), um rapaz saído de um centro de internação e, no qual, teve uma epifania espiritual.
Enviado para uma pequena vila para trabalhar numa serração, o rapaz foge do seu destino e mente para se tornar pároco da aldeia. Ao descobrir que a população guarda segredos e rancor relativamente a um acidente que matou 7 pessoas, Daniel não conseguirá parar até que a verdade venha ao de cima.
Baseado em factos verídicos, “Corpus Christi” é um filme sóbrio, que transmite uma mensagem de perdão e proclamação de fé a um passo deliberado – talvez a roçar a lentidão.
Todo o elenco oferece interpretações mais realistas que a própria realidade. O realizador Jan Komasa toma uma abordagem ponderada e pouco comum para filmes de Hollywood, algo revigorante para os dias de hoje.
“Corpus Christi” deixa os actores respirarem, com vários momentos de pausa, em que percebemos através dos,olhos que eles estão a pensar, a reflectir sobre as situações e sobre o que irão fazer a seguir. Com a maioria dos filmes serem recheados de acção constante, explosões mundanas e um ritmo acelerado, “Corpus Christi” é lufada de ar fresco.
Porém, “Corpus Christi” torna-se demasiado ponderado para o seu próprio bem. O início e o final são hipnotizantes, realizados com uma maestria extraordinária e incomum para o primeiro filme de um realizador. Mas, toda a carne no meio arrasta-se até onde pretende atingir. Um ritmo lento não é necessariamente algo negativo, mas para equilibrar seria necessário uma história mais cativante ou imprevisível para prender o espectador.
Com uma fotografia acinzentada e uma banda-sonora simplista, “Corpus Christi” remete-nos para uma viagem de redenção e perdão importante para os dias de hoje, num mundo de precipitação e de pré-julgamento social. O filme pede para reflectir sobre os acontecimentos sem uma objectiva subjectiva. Todos têm imperfeições e enganos, não é justo serem crucificados para sempre sem redenção.
Infelizmente, o ritmo lento de “Corpus Christi” não é a melhor batina para revestir este projecto. As pontas opostas do filme denotam uma competência por parte do realizador que merece manter-se debaixo de olho, mas existem algumas arestas que precisam ser limadas.