As aventuras de Newt Scamander no mundo da feitiçaria de Nova Iorque, setenta anos antes de Harry Potter ler o seu livro em Hogwarts.
Ano de 1926. Newt Scamander acabou de completar a sua excursão mundial para catalogar e encontrar as mais diversas criaturas mágicas e fantásticas. A sua breve passagem por Nova Iorque até poderia ter sido tranquila… não fosse um No-Maj (termo americano para Muggle) de nome Jacob, uma mala mágica perdida e a evasão de algumas das criaturas mágicas de Newt que vão trazer problemas, tanto ao mundo dos feiticeiros, como dos No-Maj.
O Mundo Mágico de Harry Potter está de volta. Mas desta vez em terras de Tio Sam nos loucos anos 20. E se em terras de Sua Majestade as aventuras são magnânimas, assombrosas, trágicas, mas invisíveis aos olhos do mais comum dos mortais, lembrem-se de que aqui estamos em Nova Iorque – a Grande Maçã -, onde explosões de mil cores, tremores de terra sobrenaturais e desaparecimentos na rua acontecem à frente de milhares de cidadãos sem grande alarido. Realmente aquela cidade já viu de tudo.
Eu nunca li os livros de Harry Potter, mas isso nunca me impediu de gostar das adaptações cinematográficas. E, apesar de gostar mais de uns do que de outros, considero o franchise como um dos mais bem estruturados (em termos de narrativa) de todos os tempos. Não é fácil contar uma história em sete filmes sem perder o foco da mensagem que se quer passar. Ou sequer manter aquela “magia” que faz pequenotes e graúdos abrirem a boca de espanto perante o grande ecrã. Para mim, esse sempre foi o grande trunfo do franchise de Harry Potter. Quer se gostasse muito ou não, havia sempre um conteúdo, um caminho delineado desde o primeiro filme que nos fazia investir e manter o interesse.
Não consegui ver o caminho neste projecto.
Não me interpretem mal, o filme entretém. É visualmente arrebatador e os efeitos especiais são de primeira categoria. Os actores estão muito bem, principalmente Eddie Redmayne e Dan Fogler (a meu ver, o melhor). Mas a realização de David Yates, apesar de ser magistral, possuí uma lacuna: dedicação. A entrega, a individualidade e a criatividade que faz um realizador ser a escolha certa em vez de inúmeros outros, não existe aqui. Ou então é mínima. E isto é de estranhar quando Yates foi o realizador dos últimos quatro filmes da saga de Potter e já está comprometido para ser o realizador dos próximos quatro desta nova franchise. Por vezes, a inspiração teima em aparecer.
Em suma, é um blockbuster divertido que satisfaz a nostalgia do mundo de Harry Potter, mas cuja “magia cinematográfica” necessita de crescer se quiser preencher o vazio deixado pelo seu predecessor.
Bom filme!
Este artigo não foi escrito segundo o Acordo Ortográfico de 1990.