Crítica: “A Múmia” de Alex Kurtzman

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((ATENÇÃO, PODE CONTER SPOILERS))

Será este o possível despertar de um negro universo cinematográfico?

Cá estamos nós, 85 anos depois do lançamento da primeira encarnação de “A Múmia” no grande ecrã. Com ela, e também com outros clássicos como “Drácula” e “Frankenstein”, que tiveram grande êxito na época (e ainda hoje têm um grande impacto no género) criou-se um dos primeiros universos cinematográficos alguma vez reconhecido pelo público, a tão conhecido “Universal Monsters”.
Os tempos passaram. Com eles vieram novas interpretações deste título, sendo a mais conhecida a trilogia interpretada por Brendan Fraser, que durou de 1999 a 2008.
Mas, desde ai passaram quase 10 anos, e as pessoas já ultrapassaram os maus efeitos especiais utilizados em “O Regresso da Múmia” (de certo que sabem ao que me refiro), e agora vivem de novos universos cinematográficos onde os protagonistas são os super-heróis. A Universal definitivamente não quis ficar atrás, porque o franchise “Velocidade Furiosa” não é suficiente para eles lucrarem anualmente, por isso decidiram criar um novo universo do material que estava na poeira da cave deles. Decidiram fazer um novo universo dos seus tão conhecidos Monsters, agora intitulada “Dark Universe”, e este filme, realizado por Alex Kurtzman, é o primeiro de, supostamente, muitos.

Mas, será que este filme vai conseguir abrir caminho para os próximos títulos?

© Universal Pictures

Se for esse realmente o objetivo do realizador, posso dizer que conseguiu, mas não de uma maneira satisfatória. Se este filme não for o sucesso que a Universal prevê que será, não valerá de muito, porque este focasse tanto em tentar apresentar-nos este novo mundo e o que está para vir que esquece-se de se apresentar em si mesmo. Até é difícil de entender que género de filme estamos a ver, se é de terror ou de ação, só para não falar das más tentativas de tentar colocar alguma comédia, que arruínam o tom negro do filme.

Há poucas coisas de que posso dizer que gostei no filme.
A primeira sendo o Tom Cruise, que, mais uma vez, mostra grande dedicação na encarnação da sua personagem. Apesar de ser um pouco mais do mesmo que ele costuma fazer nos outros filmes, é o seu carisma e empenho que fazem com que consiga elevar o filme.  Também posso falar muito bem de Sofia Boutella como Múmia, a sua interpretação e a personagem estão bem conseguidas.
E, apesar de ser suposto estarmos a torcer pelo Tom Cruise para salvar o mundo, eu estava constantemente a torcer pelo lado da Múmia, pois as personagens secundárias eram tão más, inúteis, e mal desenvolvidas que não me importava nada que todas morressem e fossem enviadas para as trevas. Só para não falar de que o final em que a vilã ganha é mais atrativo. Por isso sim, o argumento do filme é muito fraco.

© Chiabella James

Outra coisa em específico que gostava de realçar foi a cena no avião que está presente no trailer. Achei-a, de longe, a cena mais bem conseguida do filme. A nível técnico está 5 estrelas. Desde que essa cena aconteceu, todas as cenas seguintes do filme não lhe fizeram frente. Era como se aquele fosse o clímax que queríamos ver no fim do filme, mas infelizmente foi colocada logo no início. Mas, mesmo que o resto do filme não tenha tido cenas com o impacto dessa, a nível técnico (efeitos especiais, design e a nível de som) o filme está quase que impecável.
Por acaso cheguei a ver este filme em IMAX 3D, e este é outro caso de filme de verão que não vale a pena ver nesse formato. Mais uma vez, o formato é desperdiçado de maneira a fazer o filme render mais nas bilheteiras…

© Universal Pictures

No final, este filme acaba por ser uma deceção.

Se não soubesse que estavam a tentar fazer um universo novo, este filme sozinho, como stand-alone, não vai a lado nenhum. Alex Kurtzman ainda está por mostrar que consegue realizar um bom filme, e que devia continuar o seu trabalho como argumentista (ao lado do seu parceiro Roberto Orci), algo que ele infelizmente não foi para este filme. O filme acaba por ser salvo pelo Tom Cruise, com mais uma grande dedicação às cenas de ação, e pelos efeitos especiais, o que é uma pena, pois este filme tinha potencial para ser algo mais.

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