“Dumbo” – Nem as orelhas o salvam

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Quem não se recorda do elefante com as maiores orelhas de sempre? Agora poderá vê-lo em live action nesta nova adaptação de Tim Burton do clássico de animação “Dumbo”.

Desde 2014 com a estreia de “Maléfica”, a Disney tem como objectivo adaptar o máximo dos seus clássicos filmes de animação para live action. Esta tarefa não é fácil para os realizadores e argumentistas, porque terão de adaptar algo que é tão pegado ao imaginário infantil e ao sentimento nostálgico dos espectadores.

Desta vez, chega-nos assim a adaptação do clássico Dumbo” pelas mãos do realizador Tim Burton.

A história já é bastante conhecida por todos – num circo, uma elefante dá à luz uma cria que tem as orelhas bastante avantajadas, depois conhecida como Dumbo. Ao tentar proteger a sua cria, a mãe-elefante é afastada de Dumbo, e este terá então de descobrir o seu lugar no meio do circo e voltar a reunir-se com a sua mãe.

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Dumbo

Nesta adaptação, Dumbo é ajudado por duas crianças orfãs de mãe, protagonizadas por Nico Parker e Finley Hobbins, a utilizar as suas grandes orelhas para voar. Ao ser descoberto, o magnata V. A. Vandevere (Michael Keaton) compra o circo para se juntar ao seu parque de diversões, o que trará muitos problemas para o grupo e se vêem envoltos numa corporação que destruirá os seus valores.

Para todos os que estão mais desconfiados, não se preocupem: o Dumbo está adorável. Os efeitos especiais não são hiper-realistas, mas conferem uma certa animação à personagem que faz com que seja mais credível um elefante voar. Todas as sequências com a personagem remetem-nos logo para o clássico de 1941, apesar de terem feito alterações que encaixam perfeitamente nesta adaptação.

Dumbo

A banda-sonora a cargo de Danny Elfman também está um encanto, fazendo remodelações à banda-sonora do original e acrescentando peças que apenas aumenta o sabor do mesmo. A cereja no topo do bolo é mesmo a “Baby Mine” dos Arcade Fire, uma música doce que se consegue desfrutar com e sem o filme.

O grande desafio que o Tim Burton tinha em mãos era mesmo conseguir adaptar a história do Dumbo acrescentando o elemento humano para o enredo. Assim, para além de todas as peripécias com o resto do circo, existe ainda o elemento da família de Colin Farrell e dos seus filhos, que são os peões principais do filme.

E, infelizmente, é neste campo que “Dumbo” falha redondamente.

Dumbo

Toda a tragédia familiar é o elemento principal do filme, mas não consegue transmitir qualquer valor emocional para a audiência. Muito disso advêm das performances robóticas e sem vida, principalmente da camada jovem do elenco, tal como das personagens pouco profundas que, muitas delas não passam de mero esboços daquilo que pretendiam ser. Salva-se Colin Farrell, que dá o máximo de si com o pouco que lhe é dado, e Danny DeVito como o dono do circo que transporta a alma humorística do filme.

Toda a parte humana ocupa o maior espaço do filme e torna-se forçada e debatendo vários temas como a exploração animal e o corporativismo sem aprofundar qualquer diálogo sobre o mesmo. Em “Dumbo”, há pouco Dumbo, sendo que o mesmo passa a servir como apenas uma mera ferramenta para o desenvolvimento de uma história muito menos interessante.

Dumbo

“Dumbo” é então um uma adaptação medíocre, que se aproxima mais de “Maléfica” do que de o “O Livro da Selva” de 2016. Apesar do empenho em recriar Dumbo para live action, esta adaptação não tem nem a magia nem o core emocional que faça com que seja minimamente memorável.

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