As modas da cultura pop. Westerns, vampiros, filmes de ação com câmara tremida, as escolhas são imensas. Pouco a pouco, cada um deles perdeu a sua força.
O género de zombies é curioso. Nos anos 70 e 80, obras como “Evil Dead” ou “Night of the Living Dead” popularizaram o género. Contudo, durante muitos anos, o mesmo não pôde ser dito. Eis que em 2010 chega a estreia da série “The Walking Dead” e com ela uma nova onda de fãs sedentos por mais mortos-vivos. Obras como “World War Z” ou “Sangue Quente” reforçaram a popularidade do género que, há uns anos, era um dos preferidos do público. Mas nem tudo dura para sempre.
A nova temporada de “Fear The Walking Dead” começou um tanto desamparada. O roteiro parecia disperso numa mixórdia de personagens cujo tempo de antena nunca permitiu um bom desenvolvimento. Chega a ser desconcertante a maneira como personagens como Alicia mudam de personalidade tão facilmente.
Por outro lado, os primeiros episódios revelavam uma ameaça com potencial. Porém, o excesso de sub-tramas com personagens, como Al e Daniel, diminuiram o foco daquilo que realmente traria mais energia ao programa.
Entretanto, eis que nos chegam novos episódios da série. Com poucas expectativas assisti aos dois primeiros capítulos da segunda metade da quinta temporada. O resultado, entre alguns acertos, é maioritariamente negativo.
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Sempre apoiei o caráter mais experimentalista da série. Acho que trazia um certo vigor a um género que, ano após ano, perde cada vez mais o fôlego. Contudo desta vez não resultou.
O primeiro episódio chega-nos em estilo de found footage. Mais uma vez, os protagonistas passeiam por estradas apocalípticas, como Messias à procura de vítimas em perigo.
O estilo documentarista deste episódio fez com que o texto fosse extremamente expositivo. As personagens, cujos dilemas foram mal exploradas anteriormente, aqui despejam tudo o que sentem. Em meia dúzia de falas ficamos a conhecer o que nunca foi antes visto em ações. Quase como uma reunião de alcoólicos anónimos num apocalipse Zombie. Gostaria que tivessem apostado mais em soluções visuais para explorar as nuances das personagem. No entanto, o roteiro parece um tanto preguiçoso ao entregar tudo através de exposição.
Outra coisa que me desagradou foi a cinematografia do episódio cujas passagens entre câmaras alteravam constantemente a paleta de cores. As paisagens vistas variam entre coloridas e fúnebres em cenas de perigo e adrenalina. Desta forma, as imagens em tela falhavam em transmitir o sentimento da cena.
Face a minha desilusão com o episódio inicial, confesso que o segundo foi um pouco melhor. A série tenta fazer o que me parece uma clara homenagem à obra de George Romero “Dawn of the Dead”. Ainda assim, falta ao episódio a energia do filme homenageado. O episódio arrasta-se em diálogos um tanto recorrentes e já abordados na série em temporadas prévias. A pergunta “Qual é o nosso lugar no mundo?” surge agora sem o impacto das temporadas iniciais.
Episódios como estes apenas provam o quão repetitivas as histórias de zombies se têm vindo a tornar. As personagens rondam sempre a mesma crise existencial. Soma-se isto ao facto de os zombies serem já apenas um pano de fundo ao invés da ameaça que tanto caracteriza este género.
Não posso portanto recomendar a nova temporada desta série. Talvez daqui a vinte anos haja um novo ressurgir destas histórias. Não sei. Até lá, prefiro rever os bons momentos do género e não ficar preso a uma espiral de histórias recicladas.