Rúben Gonçalves estreia-se na área de realização em “Infância, Adolescência, Juventude” um filme sobre a Escola de Dança do Conservatório Nacional. Um espaço onde as aptidões e as paixões são postas à prova. O filme retrata três momentos fundamentais do percurso escolar. O processo de selecção e as primeiras aprendizagens. O final do 9.º ano e as decisões a tomar. E o final do secundário, com a descoberta do palco.
Rúben Gonçalves é conhecido pelo seu trabalho como montador em «Vigília» (IndieLisboa 2016) e «Verão Danado». Este ano, Rúben enche a sala Manoel de Oliveira com o seu novo filme: «Infância, Adolescência, Juventude», no qual se apresenta como realizador. O filme retrata a viagem pela própria infância, adolescência e juventude destes pequenos e grandes dançarinos que vemos ao longo do seu percurso escolar.
Um filme sobre uma escola de dança que vai muito mais além disso.
As dúvidas e as decisões são temas nos quais o filme se foca bastante. Temas que acabam por ser comuns a todos os estudantes de diversas áreas. Além de retratar uma escola artística também quebra o estereótipo de que nas escolas artísticas «não se faz nada». Desde a espargata até piruetas, estas crianças sabem fazer tudo. E fazem-no com a maior disciplina possível. Por breves momentos deixam de ser crianças e agem como dançarinos profissionais.
É de ressaltar a fotografia do filme, sendo, na minha opinião, o ponto mais forte. As composições dos vários corpos que dançam no enquadramento é simplesmente maravilhosa. O realizador foca-se em apenas dois ou três dançarinos e decide não os centrar. A maior parte dos planos são descentrados e isso torna-os mais interessantes. Especialmente quando todos estes corpos descentrados começam a dançar sincronizados, de forma a conseguir um certo contraste entre a câmara fixa, os planos descentrados e os corpos que se movem de um lado para o outro.
Este filme foi premiado no sábado passado no festival IndieLisboa. Rubén Gonçalves recebeu o prémio «Novíssimos Walla Collective + Portugal Film»
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Eis o que o júri escreveu sobre o filme:
Rúben Gonçalves tem um inato sentido da relação da câmara com a matéria filmada. Infância, Adolescência, Juventude constitui-se como um ousado exemplo de cinema ‘vérité’ onde a figura do cineasta se resguarda num amor pelos sujeitos filmados. Patente, a beleza do instável, a capacidade para capturar a graça inerente à dança através de uma discreta encenação num movimento fluído e transparente que nos traz os diferentes estágios na vida dos bailarinos em percurso escolar, da infância para a descoberta da identidade como artista.