Dividindo o seu tempo entre Portugal e Hollywood, o madeirense Dinarte de Freitas conversa em exclusivo com o Cinema Pla’net.
Como foi interpretar um personagem tão importante quanto Fernando Pessoa em “O Ministério do Tempo”?
Representar o Fernando Pessoa foi um desafio enorme. Uma responsabilidade acrescida por ser um vulto da nossa história conhecido mundialmente. Apesar da série ser ficção e o meu Fernando Pessoa ser um agente do Ministério do Tempo, não queria que fosse um personagem estereotipado. O Fernando faz parte de uma memória colectiva, daí querer encontrar a sua essência e tentar ser fiel à sua memória. Inspirei-me na escultura de Lagoa Henriques, que se encontra à frente da Brasileira no Chiado e nos quadros de Almada Negreiros para construir este Pessoa ficcionado, mas ao mesmo tempo de carne e osso.
Já trabalhou tanto no mercado nacional como internacional. O que acha que o nosso mercado (português) necessita para ser mais reconhecido pelo público português e até mesmo lá fora?
São ambos mercados muito diferentes devido à dimensão das produções. O mercado internacional é uma máquina oleada com “budgets” milionários. O mercado nacional antes de mais necessitava de uma injeção financeira que permitisse elevar a qualidade das produções. Tem tudo a ver com dinheiro. Temos talentos suficientes para podermos produzir e competir com mercados internacionais. Uma forma de atrair o público português seria uma maior divulgação daquilo que se faz, através de campanhas de marketing, como aquelas que se fazem lá fora. Infelizmente, mais uma vez coloca-se aqui a imposição do dinheiro. A publicidade é uma plataforma muito cara.
Interpretaste Pedro em “The Gifted”. Foi diferente de tudo o que fizeste até agora?
Sim. Nunca tinha interpretado um Super-Herói com super-poderes. O facto de ser uma série norte-americana, da Marvel para a Fox e com um budget milionário, é surpreendente. Eu próprio às vezes não acredito e parece-me uma realidade paralela.
Como foi a experiência de representar com a maquilhagem toda que o personagem exigiu?
Desde criança que sonhava participar em produções que me permitissem uma transformação absoluta. Com o Pedro tive a possibilidade de “desaparecer”, devido à quantidade de maquilhagem e prostéticos. São praticamente duas horas de trabalho da dupla excelente de profissionais, Corey Castellano e Mark Nieman. A experiência de representar com toda a maquilhagem é interessante uma vez que o corpo é diferente, a forma de falar e de me movimentar é diferente. Depois as circunstâncias do personagem e todo o cenário obrigam-me a acreditar neste Mundo fictício, criado.
Pedro é um mutante que consegue projetar medo nos seus inimigos. Que outro poder gostava de ter ou interpretar?
Pessoalmente gostaria de ter o poder de curar. Duma forma física quero dizer. Acredito que o ser humano possui essas capacidades naturalmente. O amor cura. O riso cura. Em relação ao Pedro, acredito que ainda não vimos o potencial dos seus poderes. Espero que caso a série seja renovada para uma segunda temporada, que se possa explorar mais o seu potencial e revelar outros super poderes.
Voltaremos a ver Pedro em “The Gifted”?
Não sei até que ponto posso revelar, mas sim o Pedro irá regressar uma vez mais, antes do final da série.
Em toda a sua carreira, qual foi o papel que lhe deixou um carinho especial, e porquê?
Todos os personagens que desempenhei tiveram de certa forma um grande impacto. Às vezes não gosto de os referir como personagens. Para mim são pessoas que faço nascer. Tento encontrar nas pistas que o guião e os diálogos me dão, aspectos que os tornam reais, de carne e osso. Desta forma são-me todos especiais.
Podemos vê-lo em “Imagens Proibidas” (estreia em Março ’18). O que nos pode falar sobre o seu personagem e sobre o filme?
Outra vez, não sei se posso revelar muito sobre a minha participação. Foi um convite amável do Hugo Diogo para protagonizar o António. Tive o prazer de contracenar com o Elmano Sancho, Bruna Quintas e a Alba Baptista. O filme encontra-se em pós-produção e poderá sair já no próximo ano.
Tem outros projetos que gostaria de falar que não foram referidos?
Neste momento tenho várias propostas e estou a tentar perceber como conjugar trabalho em dois continentes diferentes, uma vez que vivo nos EUA. Espero poder continuar a dividir o meu tempo entre os EUA e a Europa.