O Festival de Cinema de Veneza escolheu Lucrecia Martel para ser presidente do júri internacional naquela que é a 76ª edição do festival, tornando-se na sétima mulher a tomar este cargo. A realizadora argentina é conhecida por “A Mulher sem Cabeça” e, mais recentemente, o aclamado “Zama”.
Martel e o seu júri irão escolher a quem atribuir o Leão de Ouro para melhor filme, bem como mais outros 7 prémios. A escolha foi aprovada pela direção de realizadores do festival, liderada por Paolo Baratta, por recomendação do diretor artístico do festival Alberto Barbera.
A realizadora argentina declarou a propósito:
“É uma honra, uma responsabilidade e um prazer fazer parte desta celebração do cinema, do imenso desejo da humanidade de se compreender a si mesma.”
Barbera declarou que:
“Quatro longas metragens e um punhado de curtas, em menos de duas décadas, foram suficientes para fazer de Lucrecia Martel uma das mais importantes realizadoras da América Latina e uma das do topo a nível mundial. Nos seus filmes, a originalidade da sua pesquisa estilísticas e a sua meticulosa encenação encontram-se ao serviço de uma visão do mundo livre de compromissos, dedicada a explorar os mistérios da sexualidade feminina e as dinâmicas de grupos e classes. Estamos gratos por que tenha aceite de forma tão entusiástica colocar o seu exigente, embora nada cruel, olhar ao serviço deste compromisso que lhe pedimos.”
Nascida em Salta, Argentina, Martel teve a sua estreia com “O Pântano”, em 2001, seguida de “A Rapariga Santa”, em 2004, e o aclamado em Cannes “A Mulher sem Cabeça”, em 2008. Em 2017, estreou em Veneza a nível mundial a sua quarta longa metragem, “Zama”, uma exploração sobre o colonialismo e o racismo na América Latina.
“Zama” foi o filme escolhido pela Argentina nesse ano para representar o país nos Óscares e acabou por angariar em receitas de bilheteira globalmente cerca de 615 mil dólares. Foi ao mesmo tempo o filme em que o português Rui Poças foi diretor de fotografia e ganhou inúmeros prémios pelo seu trabalho, um pouco por todo o mundo.
Para já, a realizadora encontra-se a trabalhar no seu primeiro documentário, “Chocobar”, a história de um fotógrafo argentino assassinado e o ativista do direito à terra Javier Chocobar. Foi um dos filmes que recebeu financiamento através do Fundo Hubert Bals do Festival Internacional de Cinema de Roterdão em maio deste ano.
Este ano, o Festival de Veneza, que decorrerá de 29 de agosto a 7 de setembro, também irá homenagear o realizador Pedro Almodovar e a atriz Julie Andrews com prémios pela sua longa e meritória carreira.
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No ano passado, neste que é o maior indicador para os Óscares e cujo júri foi presidido Guillermo del Toro, foi coroado com o Leão de Ouro “Roma” de Alfonso Cuarón e teve como filme de abertura “O Primeiro Homem na Lua”, de Damien Chazelle.