O fascínio inicial de “Narcos” assentava na dramatização do sucesso (e queda) do maior nome do tráfico de droga, Pablo Escobar. Mas conseguirá continuar a captivar-nos sem o seu carismático vilão?
Nesta temporada, Pablo Escobar é substituído pelos quatro chefes do cartel de Cali: Gilberto Rodriguez Orejuela (Damian Alcazar), Miguel Rodriguez Orejuela (Francisco Denis), Pacho Herrera (Alberto Ammann), e Chepe Santacruz Londono (Pepe Rapazote!– vê o que ele tem a dizer sobre a sua experiência aqui). A temporada começa, no entanto, com os irmãos Rodriguez a surpreenderem os seus sócios ao anunciar que estão a negociar com o governo colombiano a sua rendição, com uma pena quase inexistente.
Não é o começo mais óbvio, mas resulta. A luta pela sobrevivência que o cartel começa, face à concorrência e à actuação do governo americano, leva a um argumento interessante e apelativo.
Colectivamente, os quarto chefes do cartel não conseguem ocupar o espaço deixado por Escobar e a brilhante interpretação de Wagner Moura. No entanto, aos poucos Matias Varela e a sua personagem Jorge Salcedo, o chefe de segurança do cartel, conquista-nos e torna-se no principal foco da nossa atenção. É impossível ficar indiferente à sua história.
Destaque para Pedro Pascal, que continua a representar o agente Javier Peña de forma sublime. No entanto, merecia mais tempo de antena para o seu passado ser explorado melhor. Apesar de não parecer provável, espero que retorne na próxima temporada.
Penso que a série poderia ter feito melhor esta temporada quanto ao retrato superficial das personagens femininas. Estas têm um papel demasiado passivo. A série só teria a ganhar se mudasse esta abordagem.
Para fãs de acção e suspense, esta temporada é perfeita. Nunca a série teve tantos momentos de suspense e violência. Narcos consegue continuar a captivar. Esperemos que a quarta temporada seja tão boa como esta.