20 de Novembro marca a chegada à plataforma Filmin de uma das séries mais aclamadas do ano, “O Colapso”.
Nomeada ao Emmy Internacional de Melhor Minissérie, os 8 episódios em plano-sequência retratam 8 momentos do fim da sociedade como a conhecemos.
O que aconteceria à nossa sociedade se o Sistema entrasse em colapso amanhã? É esta a pergunta de partida de “O Colapso”. A resposta apresentada é extremamente realista e bem concebida.
Filmada e estreada ainda em 2019, antes da presente pandemia, a minissérie segue o problema da escassez de recursos devido ao cada vez mais elevado consumo energético da humanidade.
Numa altura em que se caminha para uma passagem definitiva e extremamente necessária ao ecológico e renovável, numa luta pela neutralidade carbónica, surgem novos obstáculos relativamente à quantidade de energia renovável que é possível produzir versus a quantidade de energia que a humanidade não cessa de consumir.
Em “O Colapso”, tudo começa como um dia normal, sem nos apercebermos de que o ponto de não retorno já foi ultrapassado. Pequenas coisas saltam-nos à atenção, como pequenos cortes de eletricidade, mas rapidamente regressamos à nossa vida, tentamos que tudo se mantenha igual pelo máximo de tempo possível e até brincamos com a possibilidade do fim dos tempos. Uma semana depois… já não podemos dizer o mesmo. O multibanco deixa de funcionar, ocorre o total colapso do sistema bancário e as transações passam a ser feitas de acordo com a comida ou combustível que conseguimos roubar…
Vê-se agora um paralelismo à chegada da pandemia a Portugal no início de Março. Começámos o mês normalmente, conscientes dos milhares de casos por toda a Europa, mas ainda sem um único caso oficial em Portugal. Entretanto, surgem os primeiros casos por cá. Durante alguns dias são menos de 10, claramente não há razão para alarme, mas ao fim de uma semana os supermercados estão a abarrotar de gente. As filas infindáveis dão lugar a prateleiras vazias. Em menos de 15 dias desde o primeiro caso, as fronteiras estão fechadas, os aviões ficam em terra e o confinamento geral é decretado.
A situação em Portugal e no resto do mundo, está a resolver-se de maneira diferente, mas o problema é de uma outra escala, relativamente ao que nos é apresentado na série. E o facto de termos tido a pandemia não inviabiliza o cenário apresentado na série, muito pelo contrário, funciona como uma chamada de atenção para o que se avizinha.
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Os 8 episódios com cerca de 20 minutos cada foram todos filmados em plano-sequência, ou seja, um plano único sem cortes, mas de cortar a respiração. Com co-realização da tripla Jérémy Bernard, Guillaume Desjardins e Bastien Ughetto, do coletivo “Les Parasites”, cada capítulo segue um momento do colapso do Sistema, consoante o tempo passado desde o Dia Zero.
O Supermercado ; A Estação de Serviço ; O Aeródromo ; O Lugar ; A Central Nuclear ; O Lar de Idosos ; A Ilha ; A Emissão – São estes os títulos dos 8 episódios, que de maneira sugestiva nos despertam logo a imaginação e a curiosidade, tanto para as consequências como para as soluções encontradas pela humanidade para lutar e sobreviver contra o fim da sociedade como a conhecemos.
Ao contrário de séries que partem para visões megalómanas do pós-apocalipse, aqui estamos perante 8 momentos extremamente realistas, que nos fazem refletir sobre que decisões tomaríamos perante a mesma situação. A série sabe ainda jogar com a personalidade humana, pois por mais que queiramos catalogar algumas das personagens, aqui todos são heróis e vilões dependendo do ponto de vista, aqui todos são humanos.
Extremamente relevante e atual, esta é uma série que certamente não desilude, e que será muito bem recebida caso regresse para nos apresentar mais episódios deste Colapso.
“O Colapso” encontra-se disponível na plataforma de streaming Filmin.