A convite do canal AMC, o site Cinema Pla’net recebeu os dois primeiros episódios da nova temporada de “Fear the Walking Dead”.
A série iniciada em 2015 é um spin-off de “The Walking Dead”, série do mesmo canal baseada na banda desenhada de Robert Kirkman. Contudo, se na série-mãe a história inicía a meio do apocalipse zombie, “Fear The Walking Dead” relata o começo de um mundo contaminado por estas criaturas e como as suas personagens lidaram com a situação.
Confesso que sempre achei esse ponto interessante. A história distanciava-se de “The Walking Dead”, ao focar-se no drama familiar ao invés das cenas de ação. Porém, com o passar das temporadas, ambas as séries ficaram cada vez mais semelhantes. Os zombies deixaram de ser a maior preocupação das personagens, tendo sido substituídos por um vilão específico por cada temporada.
Devo dizer que sempre considerei o ritmo desta série um tanto lento. Isto deve-se, por ventura, à saturação do mercado de cinema e séries em relacão a conteúdo deste género. No entanto, a nova temporada apresenta algumas ideias interessantes.
Os primeiros capítulos focam-se no desenvolvimento de personagens e na apresentação de novas ameaças. O grupo, agora liderado por Alicia (Alycia Debnam-Carey), parte em busca de um pedido de socorro transmitido através de um rádio. Todavia, esta missão de resgate vem com um propósito maior. Os protagonistas, que passaram por imensas perdas na última temporada, encontram-se numa luta interior contra a própria moral. Ao longo dos primeiros episódios, as personagens afirmam uma necessidade de manter a sua humanidade ao lutarem por salvar todos os que necessitam de ajuda.
Isto serve como uma boa base para o desenvolvimento das personagens, em especial Alicia. Após a morte da sua família, a personagem que iniciou a série como secundária, ergue-se como protagonista. Aqui, Alicia debate-se contra sentimentos de perda e novas responsabilidades como líder do grupo.
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Como seu conselheiro, está Morgan (Lennie James), personagem inicialmente apresentado em “The Walking Dead”. Ainda que seja interessante observar os crossovers feitos entre ambas as séries, as ideias que esta personagem apresenta já foram vistas anteriormente. Morgan apresenta-se como um defensor da moral. Contudo, este é um tipo de postura reincidiente, sem evolução, tendo em conta a sua história. Não acho, portanto, que houvesse necessidade de introduzir esta personagem e considero que poderiam ter utilizado outro recurso para discutir estes temas.
Além disso, são também apresentadas novas ameaças. Os primeiros episódios criam um mistério em redor do novo território no qual o grupo se encontra, criando a semente do que está por vir.
Outro aspeto positivo é o facto de ambos os episódios não fazerem uso de flashbacks. Este foi um recurso utilizado na temporada passada em diversos capítulos, o que acabava por quebrar o ritmo intenso de certos episódios. Na nova temporada o ritmo é um pouco mais consistente, contudo ainda apresenta alguns problemas.
O roteiro dos novos episódios decide acompanhar pequenos grupos de personagens em diferentes partes da nova cidade. Isto não seria um problema caso todas as personagens tivessem um propósito bem definido, contudo, os grandes objetivos da história parecem isolar-se apenas num dos grupos, Alicia e Morgan. Isto é algo que não só enfraquece a história do resto das personagens, como também quebra o ritmo e diminui o tempo de tela das personagens melhor desenvolvidas.
Apesar de um roteiro atrapalhado, e de algumas decisões desnecessárias, o mistério envolto sobre a nova ameaça é o suficiente para criar interesse sobre os próximos episódios.
A quinta temporada de “Fear The Walking Dead” estreia dia 3 de junho no canal AMC.