“O Quebra Nozes e os Quatro Reinos” – Magia Sem Efeito

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Dos palcos de ballet para o cinema, Disney traz-nos “O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos”, uma reinterpretação da clássica história.

Nesta nova versão do clássico conto “O Quebra-Nozes e o Rei dos Ratos”, Clara (Mackenzie Foy) vive um momento conturbado com a sua família após o falecimento da sua mãe. Num baile de Natal, o seu padrinho Drosselmeyer (Morgan Freeman) oferece-lhe como prenda uma passagem directa para um mundo encantado, que a própria mãe da menina descobriu em tenra idade. Agora, os reinos desse mundo estão em guerra, devido à malvada Mãe Ruiva (Helen Mirren). Só Clara, com a ajuda do fiel amigo Quebra-Nozes, poderá colocar fim à guerra e restabelecer a paz no reino.

Quebra-Nozes

Numa primeira instância, é inegável a beleza cénica do filme. Tanto os cenários mágicos e deslumbrantes como o guarda-roupa e maquilhagem extravagantes servem para dar corpo ao imaginário deste mundo, tornando assim real aquilo que ocupa as fantasias das pessoas. Consegue encantar o olho do espectador, apesar dos efeitos especiais não estarem a par e retirarem alguma da beleza.

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O argumento de O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos demonstra que foi escrito num exercício de despacho. Segue uma fórmula tão banal e pouco inspiradora que todos os momentos são previsíveis até ao último instante. Consegue puxar um pouco à imaginação quando utiliza um bailado para despejar exposição argumentativa, sendo uma forma inteligente e cativante de nos contar a história, conseguindo assim embelezar a tela com a doçura e a mística da dança. No entanto, daí para a frente, nada mais existe senão o bê-á-bá que já vimos vezes sem fim.

Quebra-Nozes

Também não ajuda o argumento quando o elenco do filme não injeta emoção e convicção nas suas performances. Desde Mackenzie até Helen Mirren, poucos são aqueles que conseguem demonstrar alguma paixão pelo material em questão. Realça-se Morgan Freeman, uma lenda do cinema que consegue marcar a sua presença com o pouco tempo que tem no filme, bem como Keira Knightley, que se diverte com o mínimo que lhe dão e mostra uma outra faceta sua no papel de Fada dos Doces.

Posto em termos metafóricos, é como se fossemos a uma pastelaria, num dia frio e chuvoso, beber um chocolate quente. Mas quando vem a bebida, esta vem servida numa pequena chávena de café. O sabor está lá, mas não o suficiente para nos aquecer e podermos desfrutar da bebida nestes cinzentos dias outonais. No caso de “O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos”, a situação é igual.

Quebra-Nozes

No fim das contas, O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos fica aquém do que poderia dar. Apesar de uma boa encenação e caraterização das personagens, esta nova versão não consegue transmitir a magia que o conto original e o bailado transmitiram para muitas gerações. Rege-se pela norma de entreter visualmente sem causar um impacto duradouro no espectador.

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