Sandi Tan conta a história do rapto de um filme que produziu quando tinha 19 anos. Sim, um rapto. Este documentário foi a sua maneira de dar ao filme a vida que este não teve.
No ano de 1992, Sandi Tan, Jasmine Ng e Sophia Harvey decidem criar algo que prometia trazer uma nova visão ao cinema na Singapura, um filme experimental que já se dizia à frente do seu tempo: o “Shirkers”. No entanto, algo estranho aconteceu. Depois de terminadas as gravações, o amigo e professor das adolescentes, Georges Cardona, desaparece (para nunca mais ser visto pelas três raparigas) e leva consigo tudo o que é relacionado com o “Shirkers”.
Passado 20 anos, os rolos onde estava o conteúdo original reapareceram, sem som, e mesmo assim continuavam questões no ar – o que lhes aconteceu? E a Cardona? Sandi procura responder a todas as questões em torno destes mistérios, de maneira a que ela própria consiga obter a paz de espírito que procura desde então.
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Todas as angústias e inquietações do seu passado são transmitidas de uma forma tão clara e emocionante que se torna muito fácil sentir empatia por Sandi. A sua voz teve grande importância neste filme, penso que fez a diferença. Colocada nos sítios corretos, sempre calma, faz com que o espectador nem pense em questionar as decisões tomadas por ela (mesmo sendo essas algo questionáveis).
Não consigo imaginar o que será passar por algo assim. Mas como espectadora foi fácil dar por mim desesperada por respostas. A cada minuto, a curiosidade crescia mais e mais.
Torna-se então uma investigação, a dada altura mais focada em Cardona do que no que realmente terá acontecido. Georges é uma personagem desprezível, se me perguntam. Porque faria tal coisa? Um dos aspetos mais importantes em relação a este filme é a reflexão que trás consigo. Para além de tocar no assunto da inocência e ingenuidade das adolescentes, dá que pensar.
Não deixemos que os Cardonas que por aí andam nos roubem os nossos sonhos.