“The Boys” | Temporada 2 vem com voltas e reviravoltas!

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“The Boys” chegou à sua segunda temporada neste Outono. A série iniciada em 2019 segue a história de Billy Butcher e os seus camaradas numa luta constante contra uma organização comercial de super-heróis que se à primeira vista parecem saídos das páginas de uma comic da “Justice League”, na verdade revelam-se com diversas facetas.

Algumas boas, outras más e umas simplesmente malignas, mas num geral, caricatas.

Na sua primeira temporada “The Boys” demonstrou ser mais do que uma série de super heróis genérica, e apresentou-nos um mundo de super-heróis no qual os suspostos heróis nem sempre são bons, e demonstrou as consequências irónicas do uso de super poderes descontrolado. Assim sendo, chegamos ao novo capítulo da série e que temporada incrível!

É surpreendente o quanto esta série nos traz surpresa atrás de surpresa e continua com um argumento sagaz e auto-referente que se beneficia por personagens com arcos muito memoráveis.

A temporada começa pouco depois dos eventos do final do primeiro capítulo. Billy Butcher (Karl Urban), o líder do grupo The Boys está desaparecido, e é culpado pela empresa Vought pela morte da antiga presidente da empresa, Madeline Stillwell. Desta forma, o grupo encontra-se escondido sendo que também eles são tidos como cúmplices de Butcher e precisam de se manter escondidos.

Porém, Hughie (Jack Quaid) mantém-se em contacto com a heroína Starlight (Erin Moriarty), e juntos pretendem desmascarar a empresa ao revelarem que esta criou os poderes de super heróis com o líquido Compound V e que, na verdade os heróis não nasceram com poderes.

Contudo, esta missão é díficil sendo que toda a gente na empresa desconfia de Starlight e a personagem se encontra numa situação de perigo constante. Homelander (Antony Starr), a cara fachada da empresa e o herói mais poderoso da série continua cada vez mais louco e imprevisível porém, com a chegada do novo líder da Vought, Stan Edgar (Giancarlo Esposito) este mantém a sua rédea um pouco mais curta e ve o seu poder desafiado pela chegada de uma nova heroína que vem para substituir Transluscent, após a sua morte.

Começo por dizer que ainda bem que esperei até que a temporada terminasse para que a pudesse ver toda seguida. Isto porque foram tantas as reviravoltas neste novo ano da série, que eu acredito que deva ter sido um sofrimento esperar todas as semanas para saber o que acontece. Na sua maioria, esta nova temporada consegue superar a primeira. Os arcos em especial no que toca a Kimiko (Karen Fukuhara), Homelander, Starlight e Billy Butcher foram imensamente bem desenvolvidos e gostava de tocar levemente em cada uma destas personagens a começar pela Kimiko.

Se há personagem que eu não estava à espera que me surpreendesse tanto foi ela, mas é sem dúvida o destaque desta temporada a meu ver. A série aprofunda-se no seu passado e desenvolve os seus laços emocionais de forma bastante particular. Existe um momento no terceiro episódio da série com esta personagem que é simplesmente de partir o coração e a partir daí dei por mim a torcer por ela na temporada toda.

Homelander contudo está quase numa crise existencial. Após a morte de Madeline Stillwell, este procura o conforto da sua figura maternal. Além disso, a série desenvolve também a sua relação com o seu filho e é aí que se abre um lado mais frágil da personagem. Afinal de contas, o Homelander é quem é muito devido não só à sua personalidade mas pela falta de uma figura paternal na sua vida e de alguém que não o achasse um monstro. É interessante olhar para o vilão tresloucado que ele é de uma perspetiva mais intíma mas não me interpretem mal. Homelander continua tão imprevisível quanto na primeira temporada da série e mais uma vez comete atos horrendos e descontrolados que me levam a pensar no que poderá este “Supe” fazer na próxima temporada.

Tal como Homelander, Billy Butcher também tem as porta do seu passado abertas. Ficamos a perceber muito mais a sua relação com Becca e os fundamentos da mesma, porém também nos é aberta portas para a sua infância, que nos levam a entender como ele se tornou na pessoa brava e dura que ele é. Honestamente, é dificil olhar para Billy como uma das boas pessoas nesta história. Por vezes, ele age de forma tão egoísta, que se torna difícil de compreender o campo em que ele caminha. Contudo, a série faz um bom trabalho para que esta personagem realmente evolua em especial no último episódio da temporada na qual ele se depara com escolhas bastante pesadas.

No que toca à Starlight, acho que a nova temporada faz um bom trabalho em nos fazer sentir medo pela personagem quase a toda a hora. Em especial na primeira metade do ano parece que a personagem vai ser descoberta a qualquer momento, em especial numa cena passada num elevador com a personagem Homelander, que é de cortar a respiracão.

Os três primeiros episódios da série fazem um excelente trabalho na desconstrução da mais recente personagem, Stormfront (Aya Cash). Se no começo esta vem cheia de carisma e comentários sagazes, não tardou para que eu odiasse a personagem, no bom sentido da palavra. É uma excelente performance de Aya Cash, que cria aqui uma vilã talvez ainda mais sádica que o próprio Homelander.

No que toca a pontos negativos posso dizer que há algumas coisas que não gostei nesta temporada, em especial o argumento em volta da personagem The Deep. Pareceu-me forçado, e até mesmo desnecessário toda a história que envolve esta personagem a tentar voltar a juntar-se ao grupo de heróis The Seven. Para começar é difícil esquecer o que ele fez à Starlight na primeira temporada, não que isso seja possível mas acho que a série não consegue criar uma razão boa o suficiente para que eu conseguisse ficar minimamente investido com a personagem. Em especial o último episódio traz duas reviravoltas que fazem parecer toda a história com esta personagem algo irrelevante.

As cenas de ação são outro ponto fraco, num teor mais técnico. Se por um lado consegues sentir a emoção e as motivações das personagens durante as lutas, isto deve-se ao argumento pois a cinematografia, edição e coreografia da ação deixa muito a desejar. As cenas são demasiado cortadas na ação e não abrem espaço para a fluidez de cada murro e pontapé. Os planos são por vezes um tanto fechados e dificultam a perceção de certas cenas, se bem que no que toca a geografia e lógica da luta a série monta cenas razoáveis o suficiente para que eu as consiga acompanhar. Acho que com o sucesso da série isto é algo com potencial para melhorar. No final das contas, “The Boys” é uma série sobre super-humanos e seria uma pena continuar a ver a ação da série a ser desperdiçada.

Para concluir, a segunda temporada de “The Boys” supera o primeiro ano da série e entrega uma experiência viciante, cheia de adrenalina e acima de tudo surpreende, que abre portas para uma terceira temporada que tem tudo para ser excelente!

“The Boys” está disponível na Amazon Prime Video.

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