“X-Men: Fénix Negra” marca o regresso da saga de mutantes produzida pela 20th Century Fox. O novo capítulo volta a adaptar a saga da Fénix Negra, uma história já feita no cinema com o filme “X-Men: O Confronto final”.
Existe uma grande expetativa em torno da mais recente empreitada desta saga. Após a Disney adquirir os estúdios Fox tornou-se visível que X-Men: Fénix Negra seria o último filme da série. Assim sendo, o estúdio tinha nas suas mãos a tarefa de terminar uma saga iniciada há dezanove anos. Além desta grande responsabilidade, os produtores do filme decidiram adaptar a tão aclamada saga da Fénix Negra. Contudo, esta é uma história cuja primeira adaptação não foi bem vista aos olhos do público. Desta forma, os estúdios tinham uma grande responsabilidade na produção do filme.
A cargo da realização está Simon Kinberg, produtor da saga desde o seu começo. Apesar da sua contribuição para com esta série de filmes, este é o primeiro no qual ele tem o cargo de diretor. Aqui a direção revela-se atribulada. Se por um lado as cenas de ação são bem coreografadas e filmadas em planos abertos que enaltecem o poder de cada personagem, por outro as cenas de diálogo e discussão são retratadas de forma superficial. Talvez o melhor exemplo seja uma cena de discussão na qual o realizador desfoca a câmara numa tentativa de recriar a tensão necessária. Contudo, decisões como esta surgem de forma inusitada assemelhando-se a uma tentativa de criar algo diferente ao invés de contribuir para com a história.
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A juntar a isto temos o argumento, também assinado pelo realizador. Aqui ele acerta ao desenvolver as relações da equipa no campo de combate. A interação entre os poderes de cada X-Men é bem retratada. As personagens parecem de facto uma família, pela forma como falam, interagem e batalham. Ainda assim, não existe desenvolvimento o suficente que contribua para este tipo de cenas. A história é contada de forma apressada e sem impacto. As personagens, que numa cena tomam uma decisão, poucos momentos depois mudam o seu objetivo de forma drástica. Estas reviravoltas fariam sentido caso cada mutante tivesse o devido tempo que justificasse estas mudanças de atitude.
Talvez seja injusto afirmar que todas estas decisões foram feitas por Simon Kinberg. Afinal de contas, o filme passou por refilmagens que introduziram um terceiro ato completamente diferente.
Ainda que não saibamos qual terá sido a versão inicial, o filme entregue apresenta uma realização e roteiro rasos.
Outro aspeto negativo do filme é o uso da banda sonora. As músicas compostas por Hans Zimmer (Gladiator) são poderosas, assemelhando-se a um épico espacial com um senso de mistério e descoberta envolto em notas de terror. Ainda assim, não existe uma cena do filme que não faça uso de banda sonora. Isto não só retira o poder das músicas, como também se prova desnecessário em diversos momentos do filme. Várias cenas mereciam o uso do silêncio. A música aparece contudo, como uma tentativa falhada de motivar emoção nos espetadores.
As interpretações são um dos pontos altos do filme. James McAvoy e Michael Fassbender estão muito bem como Xavier e Magneto. Os atores que iniciaram a nova série de filmes, terminam a saga com mais uma boa caracterização destas personagens ao desenvolverem as discussões sobre o bem e o mal já iniciadas nos filmes anteriores.
Fiquei desiludido com a interpretação de Jennifer Lawrence. Nota-se um cansaço por parte da atriz para com esta saga. A sua performance mostra-se unidimensional e desprovida de emoção.
Os efeitos especiais são na sua maioria consistentes, ainda que hajam certos momentos nos quais se nota que poderiam ter sido melhor trabalhados. Os raios elétricos da personagem Storm parecem mal finalizados e o uso de tela verde em determinadas cenas é notável.
A despedida da Fox a estes dezanove anos de histórias de X-Men não encerra da melhor forma. Ainda assim, devo afirmar que os estúdios fizeram um excelente trabalho. Foram eles que marcaram o sucesso do género de super heróis nos ano 2000 com o filme “X-Men”. O final pode não ter sido o melhor, mas a jornada valeu a pena.