“A Forma da Água” – Um conto de fadas para os tempos modernos

Quando entramos numa sala de cinema para ver um filme de Guillermo Del Toro sabemos que vamos ser transportados para uma realidade diferente. Ao contrario de um filme como Guerra das Estrelas em que sabemos que tudo se passa numa galáxia longínqua, as suas historias  são-nos de certa forma familiar. É a nossa realidade, porém vista pelo canto do olho onde a magia acontece e que a maioria ignora ou passa despercebida. Esse é o talento deste realizador e o que distingue de tantos outros.
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Quando entramos numa sala de cinema para ver um filme de Guillermo Del Toro sabemos que vamos ser transportados para uma realidade diferente.

Ao contrário de um filme como Guerra das Estrelas em que sabemos que tudo se passa numa galáxia longínqua, as suas histórias são-nos de certa forma familiar. É a nossa realidade, porém vista pelo canto do olho onde a magia acontece e que a maioria ignora ou deixa passar despercebida. Esse é o talento deste realizador e o que o distingue de tantos outros.

A Forma da Água não é um filme de argumento complexo, plot twists e final ambíguo que nos deixa à espera de uma sequela. Na verdade a sua premissa é bem simples: Elisa (Sally Hawkins) é uma jovem muda que trabalha como senhora das limpezas durante a noite numa instalação secreta do governo americano em meados dos anos 60. Tudo muda quando uma criatura anfíbia, capturada na América do Sul, chega à instalação e desperta curiosidade em Elisa.

A Forma da Água

À primeira vista parece-nos uma historia de ficção cientifica, mas é sem sombra de duvidas uma historia de amor. Invulgar? Sim. Estranha? Imensamente! E ainda bem! Neste filme Guillermo Del Toro explora o amor que nos aparece na “forma” que tem que aparecer. E cabe a nós aceitarmos essa “forma” ou não. A mensagem é mesmo essa, a aceitação do outro por quem é na sua totalidade. O realizador chegou a revelar-nos numa conversa aberta no BFI-LFF que para ele não há forças maiores que o amor e a água. Forças imbatíveis mas que ao mesmo tempo podem tomar qualquer forma, passar por qualquer obstáculo. Essa é a natureza do amor. Um sentimento que nasce entre dois seres e, por mais que queiramos pôr razão na balança, não pode ser medido.

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As interpretações de Sally Hawkins e Michael Shannon são impossíveis de passar ao lado. Ter uma actriz principal de beleza fora do comum e a interpretar uma personagem muda só torna esta história ainda mais doce e fundamental no que diz respeito à importância de fugir de estereótipos. Peço a vossa atenção para uma cena onde Elisa e Giles estão a discutir o plano de resgate. É, para mim, das cenas mais emocionantes de todo o filme onde a frustração é quase palpável. Em contrapartida, o vilão deste filme é-nos entregue por um actor que tem passado algo despercebido, Michael Shannon. A sua interpretação é sublime, faz-nos não qualquer empatia pela sua personagem, e estamos constantemente a desejar que ele falhe. Um típico vilão, sem dualidade, sem complexos, o espelho de uma sociedade de mente fechada e recheada de preconceito.

Octavia Spencer e Richard Jenkins interpretam personagens secundárias que trazem comédia e o outro lado de uma historia de amor. Aquela em que as coisas não correram como esperado. Mesmo assim, apoiam Elisa como se de certa forma estivessem a viver tudo aquilo com ela.

Não posso deixar de apontar a beleza da cinematografia, uma palete de cores que não foram escolhidas ao acaso. A banda sonora é nos trazida pelo Alexandre Desplat, um compositor que se está a tornar num grande nome ao lado de outros como John Williams e Hans Zimmer. A musica transporta-nos para um conto de fadas mas igualmente para a era do cinema musical americano.

A Forma da ÁguaA Forma da Água é dos melhores filmes que Guillermo Del Toro já fez, e o que faz deste filme algo especial é a forma como nos é entregue. A magia do cinema, da música, de viver uma historia onde o amor supera tudo! E estes conceitos, considerados antiquados e lamechas, são a razão pela qual este filme é importante nos dias de hoje.

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