Annabelle está de regresso não só a casa, como também aos grandes ecrãs portugueses pela terceira vez. Desta vez, o enredo é protagonizada por jovens que tentam sobreviver a uma casa assombrada.
Não estamos a falar de uma casa qualquer, mas sim a casa de Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga). Os dois decidem passar uma noite fora, deixando Judy (Mckenna Grace), a filha do casal, aos cuidados da babyssiter Mary Ellen (Madison Iseman). A esta equação adolescente junta-se Daniela (Katie Sarife), uma amiga de Mary, bastante curiosa pelo paranormal e, logo pelo trabalho dos Warren. Bob (Michael Cimino), um interesse romântico de Mary, também tem direito a participar na ação assombrada durante alguns segmentos.
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Não querendo revelar muitos detalhes sobre o argumento, até porque este é bastante simples e previsível, conto-vos apenas qual é o conflito que percorre a narrativa. Annabelle, tal como o título já revela, volta a ser utilizada por uma entidade maligna. A boneca de porcelana é libertada da vitrine sagrada que continha o mal e a casa dos Warren torna-se num verdadeiro lar do mal.
Este problema já mais que visto dá origem a cenas que procuram construir uma tensão constante – à qual o espectador se torna imune rapidamente pela previsibilidade do argumento e pela forma repetitiva de construir a ação.
O que vemos nesta longa-metragem é mais dos mesmos clichés dos filmes de terror – as personagens estão confinadas a um espaço e nele circulam como se de ratos se tratassem, tentando escapar ao gato que, no caso, é o mal trazido pela Annabelle. As cenas são escuras, vemos os antagonistas sem que as personagens os vejam, a câmara muda e volta para a personagem, tendo desaparecido a aparição que vimos em primeiro lugar… o que se segue? claro, os famosos jump scares acompanhados de som elevado. Além disso, as personagens tomam decisões irrealistas, sobretudo se olharmos para Daniela – a construção desta personagem é bastante contraditória, ora sentimos empatia por ela, ora a julgamos pelas suas ações sem sentido.
O elenco de jovens consegue desempenhar bem os papéis, mas é pena que o argumento não esteja à altura. As personagens são unidimensionais, sobretudo Mary Ellen, uma jovem com asma que cuida de crianças e tem uma paixão por Bob. Este último também só está lá para haver um romance jovem (desnecessário) dentro da narrativa. A personagem que realmente brilha e nos intriga é Judy, a filha dos Warren que começa a apresentar as mesmas capacidades psíquicas e sensibilidade da mãe. Será que além deste filme, iremos vê-la na linha da frente novamente?…é bem provável.
Ainda sobre os personagens, tive pena que a presença Vera Farmiga (Lorraine) e Patrick Wilson (Ed) tenha sido escassa – apenas surgem nos primeiros e últimos minutos do filme, sendo a problemática vivida pelos adolescentes.
Annabelle 3 além de ter um argumento previsível e pouco inovador, apresenta um ritmo lento até ao segundo ato, sendo o desfecho em seguida apressado. Ficamos com a sensação que a resolução foi demasiado fácil, tendo em conta que os adolescentes não são nenhuns especialistas no paranormal, claro com exceção de Judy que já tem algumas luzes dos pais. Apesar disso, a longa vai entreter e agradar quem gosta de jump scares e de histórias lineares. É um filme que não apela a grandes reflexões e que vai divertir/assustar alguns espectadores.