Depois de uma estreia calorosa no Venice Film Festival em agosto, chega-nos agora “Assim Nasce uma Estrela”. Um remake do filme de 1937 com o mesmo nome, desta vez realizado, escrito e representado por Bradley Cooper.
Em “Assim Nasce uma Estrela”, Jack (Bradley Cooper) é um famoso cantor de country que vai a um pequeno bar de uma cidade para beber um copo depois de um concerto. Aí, vê actuar Ally (Lady Gaga) e existe logo uma conexão musical e amorosa entre ambos. Reconhecendo o seu potencial, Jack ajuda Ally a crescer no mundo da música enquanto se envolve amorosamente com ela. Porém, o casal terá de enfrentar imensos obstáculos, muitos dos quais causados pelo alcoolismo de Jack. O filme mostra-nos a ascensão de uma pessoa na música e o simultâneo descambar de outra. Tudo isto, enquanto tentam manter uma relação amorosa no meio dos escombros pessoais.
Devido ao facto do enredo girar em torno da relação de duas pessoas, o peso do filme recai sobre os ombros dos dois actores principais. Bradley Cooper e Lady Gaga oferecem neste filme performances que considero serem as melhores das suas carreiras até ao momento. Desde o primeiro ao último momento do filme, os actores têm uma química instantânea e conduzem-nos pelos melhores e mais trágicos momentos da relação de forma deslumbrante. Serão certamente duas performances que estarão na conversa quando chegar a altura dos Óscares.
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Para uma estreia no lugar de realizador, Bradley Cooper fez um excelente trabalho com “Assim Nasce uma Estrela”. O ator teve uma mão segura e firme ao longo de todo o filme sobre como queria transportar o espectador pelo backstage da vida profissional dos músicos e a espreitar por detrás da cortina da vida familiar deste casal de um modo natural e realista. Leva-nos a explorar a montanha-russa das relações de Bradley Cooper com Lady Gaga e com o seu irmão Sam Elliot. Todas as oportunidades são aproveitadas para nos emocionar.
Mas, sendo um ponto forte Cooper ser o realizador, também considero que seja o calcanhar de Aquiles do filme. O argumento conta uma história que se estende por vários anos. Para conseguir condensar tudo, a edição torna-se um pouco abrupta, revelando pontos importantes de forma repentina. Isto altera a forma como o espectador percepciona informações sobre as personagens, o que retira impacto emocional a certos momentos. Este problema, provavelmente, adveio do facto de Cooper não saber o que deveria cortar do filme para conseguir injectar uma maior fluidez no mesmo. “Assim Nasce uma Estrela” está em lume brando durante demasiado tempo e poderia ser apurado melhor para nos dar um fogo selvático de emoções.
“Assim Nasce uma Estrela” é um drama com momentos musicais a acompanhar a jornada das personagens. Com uma banda sonora rica e emotiva, o filme conta-nos uma história intemporal situada nos tempos modernos. É uma análise meticulosa a paixões, vícios e tragédias, tornando-se num remake que toca todas as notas certeiras para nos cativar e emocionar.