O BEAST é um festival de cinema, não é um festival de nicho

Tabela de Conteúdo

Terminou há cerca de uma semana o Beast – Festival Internacional de Cinema. É importante notar, que apesar de ter uma componente assumida de apresentar cineastas do “novo leste”, este é apenas um artifício para mostrar mais do cinema que não tem exposição comercial, para dar a conhecer cinema que apesar de ter uma produção com sede geográfica, também fala a linguagem que todos conhecemos e cujo o único codex é a tela.

O BEAST  é um festival que se consolida, mais uma vez, como uma força motriz na vida cultural do Porto. Ainda assim, não contente apenas com a mostra de filmes, organiza também um extenso programa de atividades paralelas, como exposições, masterclasses, oficinas e eventos que giram em torno da sétima arte. Foram 8 dias, espalhados por vários locais da cidade, entre eles: Cinema Trindade; Cinema Passos Manuel; Casa das Artes;  Biblioteca Municipal Almeida Garrett; entre outros.

O festival inclui uma competição que se divide em 3 categorias dentro da seleção oficial, o East Wave que premeia filmes dentro da categoria de ficção, o East Doc reservado a documentários, e o Experimental East dentro do cinema experimental.

O filme que arrecadou o prémio East Wave foi Where Things, Where People Disappear, realizado por Jore Janaviciute, e trata-se de uma produção Lituana que nos fala de Domas, um jovem cleptomaníaco que tenta encontrar o seu lugar na sociedade, mas que compulsivamente acaba por roubar Simona, uma jovem médica que atravessa uma crise existencial. Esta pede-lhe ajuda a encontrar as suas coisas, sem saber que a pessoa a quem pediu auxílio é o autor do roubo.

O prémio East Doc foi para a Polónia, com o filme The Sisters, de Michal Hytros. Trata-se de um documentário que segue a vida de 12 freiras, na casa dos 70 anos, enclausuradas por detrás do imponente muro de um convento beneditino em Staniatki, perto de Cracóvia. Quem nos apresenta a este mundo são as freiras Anuncjata e Benedykta, que já lá se encontram há 40 anos. Mostram o mundo do convento em cores reais, sem estereótipos, muitas vezes tocantes e ao mesmo tempo divertidas. Um filme sobre o silêncio dito em voz alta.

A categoria Experimental East entregou o prémio a Codrina’s Trace, de Robert Lawrence, uma produção romena sobre o que é preciso para se voltar ao que se deixou para trás, sobre o que se encontra, e como isso nos muda e como muda o passado. Tudo isto, através dos olhos de Radu que, 25 anos depois da revolução, regressa ao país natal.

Ver também:BEAST 2019 | Promove atividades para conhecimento da cultura de Leste

O Cinema Pla’net destaca ainda a exibição do documentário Wonderful Losers: A Different World. Este mostra o que está por detrás das equipas de elite do ciclismo mundial, os lutadores desconhecidos, os verdadeiros heróis que caem, levantam-se e voltam. Um olhar íntimo sobre a vida de pessoas com o fim de  demonstrar o significado de sacrifício, sendo que o desporto acaba por ser uma desculpa para esse tema maior.

Ainda acerca deste documentário, a exibição contou com a presença do realizador Arunas Matelis, um verdadeiro renascentista. Matelis começou por estudar Matemática na Universidade de Vilnius porém,  acabou por se formar na Academia de Música, Teatro e TV da Lituânia. Em 1991, abriu uma das primeiras empresas independentes de produção de filmes na Lituânia, a “Nominum”, e desde então foi premiado e exibido em diversos festivais de cinema por todo o mundo como : Cannes; Roterdão; Oberhausen; Torino; São Paulo… Este último filme, Wonderful Losers, representou a Lituânia na edição de 2019 do Oscars.

O festival vai continuar com esta tendência de crescimento e abrangência de públicos. É, acima de tudo, um festival de cinema, deixando as questões geográficas e de “nicho” para segundo plano. Mostra novas linguagens narrativas e olhares diferentes sobre temas que partilhamos! Em conclusão, é por tudo isto que o BEAST FESTIVAL merece a atenção do público e a notoriedade por parte dos agentes culturais.

O que achaste? Segue-nos @cinema_planet no Instagram ou no @cinemaplanetpt Twitter.

Partilha este artigo:
Translate »