Aubrey Plaza mostra uma nova faceta sua neste “Black Bear”, uma análise à ténue distinção entre realidade e ficção.
Até onde estamos dispostos a ir para atingir algo de supremo para a nossa vida? Então onde o artista vai para conseguir alcançar a sua obra-prima?
Estas questões filosóficas e metafísicas sobre o ser são discutidas neste “Black Bear”, realizado por Lawrence Michael Levine e protagonizado por Aubrey Plaza (“Legion”, “Ingrid Goes West”, “Parks and Recreation”).
“Black Bear” conta-nos a história de Alisson (Aubrey Plaza), uma argumentista/realizadora que se vê sem ideias para o seu próximo projecto. Assim, reclusa-se numa moradia rural com os proprietários da mesma. Porém, cedo perceberá que a noite lhe reserva mais do que apenas descanso.
Aubrey Plaza leva este filme aos ombros e fá-lo parecer que é fácil. Como mulher misteriosa ou como amante mal-amada, Plaza aproveita cada segundo para nos dar uma lição de acting e para fazer deste o seu melhor papel até agora. Isto é ainda mais evidente num momento perto do final em que Aubrey largar tudo a tensão da personagem num momento inesquecível.
O filme é ainda habitado por outras personagens (mais do que a premissa original sugere) e todas são distintas o suficiente para marcarem com afinco a sua presença na película.
“Black Bear” torna-se metafisico na sua abordagem. Apesar de começar com uma premissa simples, tudo dá uma reviravolta no segundo acto quando o espectador recebe a informação de que tudo na passa de uma rodagem de um filme, em que as nossas personagens principais são os líderes desta rodagem.
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Os níveis filosóficos e metafísicos elevam-se a cada batimento, com a nossa personagem principal a distorcer a linha da realidade com a ficção, sendo que a sua vida pessoal está a tornar-se intrinsecamente ligada com o argumento do filme que está a filmar.
Com isto, o espectador navega pelos bastidores da rodagem, como uma mosca na parede, a espiar cada movimento e cada relação dos membros da equipa. A tensão é palpante não conseguimos desviar o olhar até aos momentos finais.
Mas é aqui, nos momentos finais, que reside a maior fraqueza de “Black Bear”.
O enredo vai ficando mais denso e intrigante com o desenrolar da história. Desde o início que o filme é perspicaz e a sua execução é altamente cativante. Mas o terceiro acto termina tudo de uma forma anti-climática, deixando questões no ar aos quais não chegam a dar pistas suficientes para conseguirmos ter uma resposta.
Muito fica no ar com a conclusão do filme e com poucas formas de ter resposta. Não quer dizer que não se revisite para tentar chegar às nossas próprias conclusões, mas deixa um sabor agridoce com a chegada dos créditos finais.
“Black Bear” é intrigante com a sua abordagem única sobre os limites da busca da perfeição. Com o apoio de uma performance brilhante pela parte de Aubrey Plaza, o filme tem muito mais para explorar do que o que está à superfície – apesar de terminar com uma nota mais amarga do que seria de se esperar.
“Black Bear” estará brevemente disponível em Portugal.