“Burden: A Redenção”, de Andrew Heckler, leva-nos para uma época em que a discriminação racial estava ainda mais iminente nos Estados Unidos.
A longa-metragem joga com um confronto entre conceitos: bem-mal, amor-ódio, lucidez-cegueira, cultura-natureza para trazer à tona a importância da paz e da igualdade para o bem comum.
A história acompanha Mike Burden (Garrett Hedlund), um jovem adulto que sempre viveu debaixo das asas do suposto “típico americano”, Tom Griffin (Tom Wilkinson), e acabou por ser influenciado fortemente pelas sua visões de mundo. As coisas começam a mudar quando Burden vê em confronto um sentimento verdadeiro nunca antes sentido com o sentimento que foi ensinado a sentir a vida toda.
É na cultura que se encontra o conflito da história já que o que desencadeia a autodescoberta do protagonista é a construção de um museu. Este nasce para celebrar o Ku Klux Klan ou, por outras palavras, o “legado branco”. Griffin lidera este grupo apelando à violência, ao ódio e ao medo. Burden prepara-se para receber este legado, mas entretanto entra algo novo na sua vida: o amor por Judy (Andrea Riseborough).
O filme trabalha com muitos paralelismos encontramos de um lado os “brancos” e do lado oposto os “negros” que são liderados pelo reverendo Kennedy (Forest Whitaker), cuja personagem é construída para criar enorme empatia no espectador. Nele vemos o Homem que luta contra o próprio interior, contra os próprios desejos e instintos humanos para ser um homem pacífico que prega o amor como a única arma possível para acabar com o ódio.
A comparação entre os lados e a forma como estes começam a asfixiar o protagonista fica muito bem evidenciada. Percebemos que estamos perante uma mudança de mentalidade, uma luta interior que não é fácil. A produção faz questão de mostrar que o importante é ter fé, não desistir e dar sempre a mão ao outro para que se possa levantar arrependido e são.
PS: Quando um filme quer passar uma mensagem humana como esta de forma tão clara é interessante comparar a forma como começa – o estado inicial das circunstâncias e do protagonista; com o desfecho. Aqui as circunstâncias não se alteram muito, pois como sabemos a mudança é lenta, mas a ideia que fica é que um a um pode ser recuperado basta querer e ter alguém disposto a ajudar.
“Burden: A Redenção” venceu o Prémio do Público no Festival de Sundance e estreou nos cinemas portugueses a 9 de Julho