Dark é sem sombra de dúvidas a melhor série de sci-fi de sempre. Como fã incondicional deste género, confesso que não me recordo de ver uma série assim.
O tema central é viagem no tempo e os seus paradoxos, com física quântica á mistura. Porém é também uma série que retrata a perda e o que estamos dispostos a fazer para não a voltar a sentir. “Dark” tem apenas 3 temporadas (número 3 é importante) e consegue manter o espectador na beirinha do sofá sempre atento. Nesta critica irei falar dos pontos que mais surpreenderam nesta série e porque eu não consigo parar de a recomendar a toda a gente.
[ALERTA SPOILERS EM TODA A CRÍTICA]
Tentar explicar a história de Dark é quase impossível sem soar um pouco lunática por isso vou tentar dar um pequeno resumo só para nos situarmos: Dark passa-se numa pequena cidade na Alemanha onde duas crianças desaparecem o que leva a uma ciclo de eventos que se desenrolam em 3 décadas diferentes, com famílias diferentes e mais tarde em Universos diferentes. Lembram-se do guia que fizemos? Pois…Dá muito jeito!
Dos criadores Baran bo Odar, que também é o realizador, e Jantje Friese, conseguiram criar uma história com tantas voltas, ligações familiares e paradoxos sem nunca sentirmos que todos estes pontos não vão a lado nenhum. O argumento é quase uma obra de arte. Se achas que “Inception” foi a Mona Lisa dos argumentos, “Dark” é a Capela Cistina. Numa fase em que estamos a recuperar de decepções televisivas (sim Guerra Dos Tronos, estou a falar de ti) ver uma série com o mesmo nível de qualidade constante do principio ao fim foi uma lufada de ar fresco.
Vê também: Guia de Sobrevivência para as 3 temporadas da série “Dark”
A segunda temporada terminou num cliffhanger épico onde vimos o Adam a matar Martha e uma versão desta aparecer e Jonas perguntar de que década ela vem e ouvir a resposta “Não em que tempo, mas sim de que Universo”. Depois de duas temporadas em que levamos com quase todos os paradoxos possíveis e imaginários em relação a viagens no tempo, faltava-nos um: Universos paralelos. Dois Universos que existem em simultâneo onde num temos Adam (Jonas) e noutro temos Eva (Martha). Ambos presos num loop, ambos a tentar controlar o outro, ambos empurrados pela perda, ambos “expulsos” do paraíso.
E entre eles está a Claudia, aquela que finalmente descobre a origem de tudo e como conseguir quebrar o loop. Perda é o grande percursor das ações destas personagens. Todas elas estão numa luta contra o tempo para tentar recuperar o que perderam e se a perda foi aquilo que deu origem a estes dois Universos, é a perda que os irá salvar. De maneira a quebrar com o ciclo vicioso Jonas e Martha têm que se perdem um ao outro. Muito mais poderia escrever sobre tudo o que esta série nos trouxe porém uma dissertação não e bem o que vocês estão a contar com esta critica por isso irei parar por aqui.
A realização, fotografia e banda sonora desta serie é algo da mais alta qualidade. Nada é feito por acaso, como por exemplo o ouvires o tik tok de um relógio quando cenas mudam para indicar que a linha do tempo mudou e estás agora numa década diferente.
O tipo de ângulos e câmaras usados no Universo paralelo também são diferentes. Para marcar o quão ambos os Universos são espelhos um do outro: a casa do Jonas/Martha ou até as cicatrizes em certas personagens que mudam de lado consoante o Universo onde estão.
Temos que falar da Direção de Casting nesta série. Se continuas a ler esta critica é porque já viste a série ou então não te importas em saber, mas como a historia se passa em décadas diferentes temos personagens com idades diferentes. Se colocarmos as diferentes idades das personagens lado a lado é incrível ver como são parecidas! Vês semelhanças, traços, que até vais ao IMDb ver se por acaso estes actores não são familiares.
As personagens parecem reais, podiam ser nossos vizinhos até. Talvez isso faça com que tenhamos ainda mais empatia com as personagens. Mas não fica só por essa parte, os actores escolhidos são simplesmente fantásticos e não há sequer um que fique aquem das expectativas.
“Dark” veio revolucionar o sci-fi e saciar a fome dos nosso cérebros que anseiam por algo não apenas complexo mas que nos faça pensar e repensar. Sim, é uma série cerebral mas o que a faz ser tão boa é o seu lado humano. As emoções, os erros que certas personagens cometem constantemente, a redenção, o amor de família e o que estão dispostos a fazer para a proteger.
É uma série para rever, notar ainda mais pormenores e ligações que não tínhamos dado conta antes. A importância de certos objectos como um oroboros no túnel com a linha vermelha, a peça que a Martha está a fazer na escola, o a pulseira em forma de serpente, entre outros.
Apenas tenho uma coisa a criticar de forma negativa em relação a “Dark”, o facto de a Netflix ter decidido lançar os episódios todos de uma vez e não semanalmente. Se tivesse sido assim poderíamos ter a semana para discutir, trocar teorias, deixar os episódios respirarem. Tirando isso, não há mais nada. É uma série perfeita!
Espero que, tal como eu, tenham gostado da jornada que “Dark” nos levou e partilhem os vossos pensamentos e o que mais gostaram de ver. Nós estamos muito felizes por lhe termos dado uma chance. E vocês?