Um dos melhores realizadores da sua geração, David Fincher mostrou, até então, que com o passar dos anos conseguiu sempre modernizar-se, atingindo já o patamar de excelência.
O realizador nascido nos Estados Unidos, começou a fazer pequenos vídeos no ano de 1984. Realizou o seu primeiro filme só em 1992. Apesar de ter começado com um filme onde prevalecia a ação e o terror, o realizador de 55 anos tem previligiado ao longo da sua carreira, que conta já com dez longas metragens, filmes sobre crime, drama, mistério e thriller.
David Fincher nunca escreveu um argumento. No entanto, é um realizador com olho para a escrita, pegando sempre em boas histórias para fazer os seus filmes. Sem também produzir qualquer filme que faça, Fincher está intimamente ligado à criação de duas das séries mais sólidas e consistentes dos últimos anos: “House of Cards” e “Caçador de Mentes”.
Ver também: Do pior para o melhor: Os filmes da saga Alien
São vários os realizadores que fazem uma espécie de parceria com alguns atores ou atrizes, repetindo-os em vários filmes. E Fincher, neste aspeto, não é exceção. Já vai longa a parceria do realizador com Brad Pitt. O ator nascido no Oklahoma, participou em quase metade dos projetos de Fincher: quatro em dez.
Esta ligação não deverá ficar por aqui. Fincher irá realizar o filme, que será uma sequela do filme protagonizado por Pitt, “WWZ: Guerra Mundial”, voltando assim ao registo que o lançou no mundo do cinema, com um filme de ação e terror.
David Fincher foi nomeado para dois Óscares, ambos na categoria de realizador, nos anos de 2009 e 2011. Pelos filmes “O Estranho Caso de Benjamin Button” e “A Rede Social”, respetivamente.
Alien 3 – A Desforra (1992)
Sinopse: Ellen Ripley, a única sobrevivente da tripulação da Nostromo, vê-se numa prisão de alta segurança. Constatando que se sucederam alguns acontecimentos estranhos logo após a sua chegada, Ripley apercebe-se que levou um visitante indesejado com ela.
O primeiro filme de David Fincher é o terceiro da saga “Alien”, ficando bem longe da qualidade apresentada pelos antecessores. Quando se faz a comparação com os dois filmes, a sensação de que o filme é fraco, é enorme. Para tal, contribuiu bastante o fraco argumento do mesmo.
Contudo, Fincher dá os primeiros passos na sua carreira, no que toca a longas-metragens, apresentando bons momentos de realização.
Sala de Pânico (2002)
Sinopse: Uma mulher divorciada e a sua filha refugiam-se num quarto secreto na sua casa comprada recentemente, quando esta é assaltada por três homens em busca de uma fortuna perdida.
Depois de três bons filmes, dois deles magistrais, David Fincher volta a quebrar com esta longa-metragem. Sala de Pânico tem nas boas representações os pilares que sustentam o filme. São estes que impedem que todo o edifício desabe.
Ainda assim, a realização mostra bons momentos, evidenciando as boas prestações dos atores. Mesmo daqueles que não tiveram tanto protagonismo quanto outros, como é o caso de Jared Leto.
O Jogo (1997)
Sinopse: Depois de um banqueiro ter a oportunidade de participar num jogo repleto de mistério, a sua vida vira-se de cabeça para baixo quando este deixa de saber distinguir o jogo da vida real.
O terceiro filme de David Fincher adquire o primeiro posto em relação aos mais confusos de toda a sua filmografia. Um Michael Douglas não muito igual a si próprio, consegue dar ao filme o que este necessita.
O filme que inicialmente foi pensado para ser protagonizado por uma mulher, no caso, Jodie Foster, é completamente eletrizante do princípio ao fim. Consegue, assim, prender à tela quem está do lado de cá.
Millennium 1 – Os Homens Que Odeiam As Mulheres (2011)
Sinopse: Um jornalista (Mikael Blomkvist) é contratado para procurar uma mulher que desapareceu misteriosamente há quarenta anos. Para isso, conta com a ajuda de Lisbeth Salander, uma jovem hacker.
A adaptação do livro que deu origem ao primeiro filme da trilogia sueca correu bem o quanto baste para alimentar os fãs do realizador. Com esta longa-metragem, Fincher volta aos filmes pesados e violentos. Não só no que diz respeito à violência visual, mas também à violência psicológica.
O filme consegue perturbar quem o vê. Faz exaltar sentimentos de alguma intranquilidade e incómodo. Com isto, o filme consegue atingir um dos objetivos a que se propôs.
Em Parte Incerta (2014)
Sinopse: Com a sua mulher desaparecida, Nick Dunne tornou-se o foco de um circo mediático montado pela imprensa, enquanto é investigado pela polícia. Isto acontece quando se começa a pensar que ele pode não ser inocente.
Com um pacing adequado durante todo o filme, este tem, durante metade do tempo, quase sempre o mesmo registo. A partir da segunda parte, ganha outra intensidade, o que lhe garante a ”classificação” de noir.
O filme tem um belíssimo argumento que foi escrito também pela autora do livro em que se baseia o filme. Fincher afirmou que isso foi fulcral para que o mesmo tivesse tanta qualidade, visto que, ao ler o livro, não se sabia o que as personagens sentiam. Este foi, assim, um precioso auxílio na construção desta longa-metragem.
Zodiac (2007)
Sinopse: No final da década de sessenta/início da década de setenta, um cartoonista de São Francisco torna-se quase num detetive, ficando obcecado na procura pelo Assassino do Zodíaco, um indivíduo não identificado que aterroriza o norte da Califórnia com assassinatos em série.
O filme respeita a história verídica no qual é baseado. Esta longa-metragem tem boas personagens, assim como boas representações por parte dos atores. O filme acaba com o maior interregno na carreira do realizador: cinco anos. Fincher apresenta uma história labiríntica, onde se é conduzido por um Jake Gyllenhal muito consistente, que arca com o filme e o consegue levar a bom porto.
A Rede Social (2010)
Sinopse: A história da criação da rede social com mais usuários em todo o mundo: o Facebook. Para além da criação da mesma, o filme mostra ainda as implicações que se sucederam.
Sobre o tema, outro tipo de filme, ou mesmo até outro filme dentro deste tipo, dificilmente seria melhor que este. Fincher apresenta o tema e, por consequente, o argumento, com bastante seriedade.
O segundo filme de Fincher baseado em histórias verídicas tem, no trabalho desempenhado pelos atores, um dos seus pontos fortes. Mostra um Jesse Eisenberg seguro, igual a si próprio, com a dura tarefa de ter de falar e se comportar de uma certa maneira. Maneira essa que o ator lutou na vida real para se ver livre dela, visto que Eisenberg foi diagnosticado com uma perturbação obsessiva compulsiva.
O Estranho Caso de Benjamin Button (2008)
Sinopse: Um homem que tem o seu percurso de vida invertido, nascendo velho e morrendo como um recém-nascido. São ainda abordadas todas as implicações que isso tem na sua própria vida e na vida de quem o rodeia.
Com uma história diferente e um conceito inovador, o filme tem no argumento uma das suas mais-valias. Com um Brad Pitt soberbo, o filme encontra também em duas outras atrizes dois bons alicerces que o sustentam, conseguindo acrescentar bastante qualidade ao mesmo: Cate Blanchett e Taraji P. Henson.
Este foi o filme de Fincher que mais nomeações aos Óscares obteve. Ganhou três estatuetas douradas das treze para as quais foi nomeado.
Se7en – 7 Pecados Mortais (1995)
Sinopse: Dois detetives, um em início e outro em fim de carreira, investigam um assassino em série, que tem como motivos para matar, os sete pecados mortais.
“What’s in the box?”. O que é que está dentro da caixa? Está aqui um dos melhores, senão mesmo o melhor, filme de crime! “Se7en”, nome original, apresenta todos os sete pecados mortais, mas não peca em lado nenhum. Com um dos melhores genéricos de sempre, o filme tem também dos últimos quinze minutos mais intensos de sempre no cinema. Para isso contribuiu e muito a fabulosa prestação de Kevin Spacey.
Não caindo no erro de querer dar um final bonito, o filme ganha um desfecho cruel, mas merecedor, funcionando quase como que a cereja no topo do bolo.
Clube de Combate (1999)
Sinopse: Um homem que procura alterar o rumo da sua vida, criando, sem saber, um alter-ego. Consegue, com isto, formar um clube de luta que mais tarde toma proporções maiores, originando uma autêntica catástrofe.
O filme que quase por unanimidade é eleito como o melhor de toda a filmografia de David Fincher, é absolutamente magistral. Com representações magnânimas de três dos melhores atores atualmente (Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonham Carter), de salientar a dupla Pitt-Norton, que, com uma cumplicidade tremenda, formam, neste filme, uma das melhores duplas de sempre.
Com um dos melhores plot twist de toda a história do cinema, o filme tem também um fabuloso argumento, que, aliado à realização de Fincher, faz com que o filme alcance o patamar de excelência.