“Engenhos Mortíferos” – Muita Parra, Pouca Uva

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A equipa que nos trouxe “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit” embarca numa nova aventura cinematográfica em criar o mundo de “Engenhos Mortíferos” para o grande ecrã.

Nesta tentativa de criar uma nova saga, Engenhos Mortíferos transporta-nos para um mundo pós-apocalíptico, onde as cidades são movíveis e as grandes capitais aproveitam-se das cidades mais pequenas para roubar recursos e combustível.

Neste cenário, Hester Shaw (Hera Hilmar) tem a missão pessoal de derrotar o maléfico Thaddeus Valentine (Hugo Weaving), o capataz de Londres. Para isso, terá de se juntar ao londrino Tom Natsworthy (Robert Sheehan) e à forasteira Anna Fang (Jihae) de modo a poder sair vitoriosa e impedir a destruição do Mundo como o conhece.

Engenhos Mortíferos

O grande feito desta equipa é a de conseguir transpor a imaginação impressa nos livros para o grande ecrã, conseguindo criar tangibilidade num Mundo imaginário. Tal como aconteceu com o mundo de Tolkien, voltam a conseguir fazer este feito com o mundo que Philip Reeve criou com os livros Engenhos Mortíferos.

Com excelentes efeitos visuais e uma fotografia competente, conseguem materializar um mundo semelhante mas, ao mesmo tempo, totalmente distinto do nosso. Entre cidades movíveis gigantes e naves voadoras, conseguimos compreender o caos que se instalou na Terra desde o Apocalipse e como a sociedade se adaptou e evoluiu perante tal adversidade.

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Neste meio, Engenhos Mortíferos consegue criar ligações entre este novo mundo e o nosso actual. Apesar de muitas das vezes serem forçadas, as referências e metáforas sobre a nossa sociedade estão bem presentes ao longo do filme e conseguem criar um cantinho de satisfação ou constrangimento no espectador.

Engenhos Mortíferos

Porém, para além de uma ótima premissa base (sendo que muita dela advêm do imaginário dos livros) e de uma excelente tangibilidade física do Mundo, Engenhos Mortíferos é uma corrida que começa bem mas termina mal.

Apesar de ter uma equipa fantástica no backstage, esta é a primeira longa-metragem realizada por Christian Rivers. E isto é evidente no que diz respeito ao tom do filme, que se balança entre comédia com pouca sensibilidade e dramatismo exacerbado, e em performances de atores pouco conhecidos pelo público, que têm tanto de mecanizado como de demasiado teatral.

Engenhos Mortíferos

Tal como a banda-sonora que acompanha a acção do filme, também as performances de actores como Hera Hilmar, Jihae ou Robert Sheehan são apimentadas por um overacting supremo. Nem Hugo Weaving, um veterano com excelentes capacidades representativas, consegue brilhar com este argumento, apesar de todas as suas tentativas.

Isto advém do facto do argumento sofrer de uma enorme falha na regra de “show, don’t tell”. Todo o enredo, a exposição do Mundo e o background das personagens é realizado através de diálogos entre os intervenientes. Desde o início até ao final do filme, nada nos é mostrado sobre a personalidade dos protagonistas ou sobre o Mundo que os envolve. São meramente diálogos sobre diálogos, com um nível de exposição narrativa máximo que apenas remete o espectador para um mero estado de observador, não o envolve na história.

Engenhos Mortíferos

Engenhos Mortíferos é, no fundo, um filme com uma premissa interessante, acompanhado por bons efeitos visuais, mas que não consegue impingir a força suficiente para nos fazer apoiar os protagonistas. Numa mistura descarada entre “Star Wars” e “Mad Max”, é certamente uma película que não consegue fazer mais do que agradar à criança de 5 anos que brinca com carrinhos.

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