“Finding Steve McQueen” é o mais recente filme do realizador Mark Steven Johnson, que adapta a história real de Harry James Barber.
Travis Fimmel, Rachel Taylor, Forest Whitaker e William Fichtner fazem parte do elenco deste thriller que estreia brevemente em Portugal.
“Finding Steve McQueen” começa sete anos após o famoso crime do protagonista, que ficou conhecido por assaltar os bancos da Califórnia que continham os fundos ilegais do presidente Richard Nixon.
Desta forma, Harry adota um nome diferente numa pequena cidade e apaixona-se por Molly Murphy, com quem vive e namora durante todo esse tempo. No começo do filme, Harry revela a verdade a Molly e a partir daí ele conta toda a sua história de vida antes de escapar à polícia.
Só vi outros dois filmes de Mark Steven Johnson, porém posso dizer que apesar de não ser grande fã de ambos também não os considero maus filmes. Lembro-me ainda de ver “Ghost Rider” e “Daredevil” durante a minha infância e posso dizer que ambos os filmes foram ótimas portas de entrada para aguçar o meu gosto para com o cinema de super-heróis.
Uns anos mais tarde, consigo entender o porquê de muita gente não apreciar estes filmes com um estilo um pouco rebuscado e uma realização demasiado vibrante, mas típica de filmes de ação da altura. Contudo, continuo a sentir alguma nostalgia por estas obras e assim que me apercebi que ele era o realizador deste filme, fiquei bastante curioso para ver o que ele teria feito.
Ainda assim, penso que este filme se perde entre vários géneros e sofre por ser demasiado auto-referencial. Há claramente uma nostalgia por parte do realizador pelos clássicos do cinema de crime Hollywoodianos, desde “Bonnie and Clyde” a “The Godfather”, são várias as obras que são referenciadas aqui. Este tipo de meta-linguagem é introduzido num filme que tenta tornar esta visão referencial num misto de diálogos extensos à la Quentin Tarantino e uma edição vibrante do estilo de Edgar Wright. Infelizmente, o filme sofre por não conseguir utilizar os clichês do género de forma interessante.
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O plano do roubo, que é a base do entretenimento dum filme deste género é honestamente muito raso, sendo que todos os membros do gangue, à exceção do protagonista, parecem não acrescentar nada ao grupo a nível de habilidades. São apenas um bando de criminosos que se estão a divertir a roubar o presidente dos Estados Unidos, o que poderia ser algo bastante interessante, porém as personagens parecem versões de marca branca de filmes do género com mais qualidade.
Ainda no que toca ao argumento, é interessante ver a história a ser contada de forma fragmentada. Porém, existe uma linha narrativa guiada pela personagem de Forest Whitaker, que pouco ou nada acrescenta à história e foge ao estilo de narrativa do filme, que se em boa parte é contado pelo protagonista aqui parece algo aleatório, que foi introduzido apenas para juntar algumas pequenas peças no puzzle.
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Ainda assim, o filme consegue entregar uma linha narrativa muito interessante que me fez ver a possibilidade de um filme melhor. A história do romance entre Harry Barber e Molly Murphy consegue entregar um bom charme que a narrativa tanto precisa, muito devido a excelente química entre Travis Flimmel e Rachael Taylor, que claramente se divertem no papel. Também o irmão de Harry, interpretado Jake Weary, apesar de ter uma história um tanto vaga, consegue demonstrar uma dinâmica carinhosa para com o irmão. Estas relações são o que me manteve preso ao filme, e certamente mereciam mais tempo de antena do que a exploração da história do crime que é realizada de forma demasiado convencional.
“Finding Steve McQueen” é um filme com um protagonista carismático com uma história de amor e fuga muito mais interessantes do que aquilo que nos foi entregue. Mark Steven Johnson entrega um filme que, apesar de ter bons momentos, parece não conseguir encontrar a sua própria personalidade que infelizmente se monta numa meta linguagem sem alma do cinema do género de “heist”.
Adiado indefinidamente, “Finding Steve McQueen” estreia brevemente em Portugal.