Primer é considerado por muitos o sci-fi mais complexo desde 2001: A Space Odyssey, de Kubrick. É bem provável que tenham razão.
Ao começar a ver o filme, as minhas expetativas são altas. A crítica fala maravilhas, e o conceito de viagens no tempo que apresenta parece ser algo bastante inovador. Como fã de um bom filme sobre time-travel, não poderia estar mais feliz com Primer.
77 minutos depois, o panorama mudara. Perplexo, abri o Google no telemóvel e procurei alguma explicação sobre o que acabara de ver. Fiquei ainda mais confuso. Gráficos, tabelas com várias linhas temporais, dezenas de teorias sobre eventos que não aparecem no filme, mas que são plot-points importantes. Acabei por tropeçar numa entrevista com o realizador, Shane Carruth. Nela, Caruth encoraja o público a ver Primer mais do que uma vez.
Chiça, que maçada. Bom, vou ver isto mais uma vez.
O filme conta a história de quatro jovens empreendedores que exploram e criam invenções tecnológicas numa garagem. Sem querer, Aaron (Shane Carruth) e Abe (David Sullivan) tropeçam numa descoberta científica que, no espaço de uma semana, altera por completo o rumo das suas vidas.
Shane Carruth realizou, produziu, escreveu, gravou, editou e protagonizou esta pérola da ficção científica. Ainda compôs a banda sonora e financiou a maior parte do processo.
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Primer exige espetadores atentos e que tenham estômago suficiente para repetir a dose (mais do que uma vez). Os que têm estofo e aguentam as pratadas são presenteados com uma trama cuidadosamente traçada.
Os desempenhos sólidos de Shane Carruth e de David Sullivan, a estética “suja” típica de low-budget (tendo em conta que o filme foi feito com uns míseros 7000 dólares) e o movimento errático da câmara contribuem para o caos dos eventos que se desenrolam.
Recomendo avidamente Primer aos cinéfilos que procuram um desafio mental. Aos restantes, recomendo Primer acompanhado de um dos muitos vídeos que explicam o filme.