Solum, a segunda longa-metragem realizada por Diogo Morgado, já se encontra nas salas de cinema portuguesas. Mais do que uma competição, o filme mostra questões humanas que vão desde o instinto de sobrevivência à destruição do planeta Terra.
A narrativa segue aparentemente um reality show composto por 8 candidatos de vários locais do mundo, cujo grande objetivo é sobreviverem sozinhos numa ilha deserta. Mais do que um jogo, percebemos rapidamente que esta aventura é, na verdade, um processo de seleção.
O primeiro ato é um pouco lento, pois ainda estamos a ser introduzidos ao conceito do reality e a conhecer cada um dos personagens. Só quando um dos concorrentes (Carlos Carvalho) começa a perseguir os outros, sendo que de acordo com as regras, não devia haver contacto entre si, é que o ritmo e também a nossa curiosidade aumentam.
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A passagem da solidão dos personagens para o trabalhar em equipa é bastante simbólico, porque afinal para sobreviver o ser humano precisa de si, mas também do outro. Essa mensagem, ainda que subtil, também é evidenciada.
Tanto a premissa, como a ambientação fizeram-me lembrar muito Hunger Games e até mesmo um pouco a série The 100. Sendo a sobrevivência algo tão comum a todos nós, é claro que, embora seja um tema já tratado antes, nos deixa imediatamente interessados e ligados às personagens. Confiem que o filme é muito mais do que isto e deve ser visto pelo maior número de pessoas. Nunca é demais falar sobre a necessidade de protegermos o ambiente.
O elenco está competente e representa várias culturas. Constitui-se por Diogo Morgado, Darwin Shaw, Catarina Mira, Gonzalo Ramos, Francisco Froes, Carlos Carvalho, Maria Botelho Moniz, Luís Lourenço, Anna Ludmilla e Claúdia Semedo.
Sendo a mensagem principal alertar para a necessidade do ser humano conservar o ambiente, a fotografia apresenta-nos paisagens belas dos Açores. Além disso, existe um inteligente uso da luz natural que traz realismo às cenas.
O único fator que não me agradou tanto foi a banda sonora que pauta cenas em demasia, tornando-se exaustiva. Apesar de entender a sua utilização, tanto para criar ritmo, como para enfatizar os momentos de ação mais tensos, houveram momentos em que não era de todo necessária. O som da natureza era o suficiente e até tornava a experiência do filme mais imersiva.
Solum é um brilhante thriller de ficção científica. É mais do que uma aventura que mostra um futuro negro da humanidade, funciona como alerta para o impacto dos seres humanos no planeta terra. E prova que em Portugal há potencial para criar e realizar boas histórias com grande relevância a nível mundial – basta existir esforço, dedicação e, claro, mais investimento.
Finalizo com uma feliz curiosidade. Diogo Morgado trabalhou em conjunto com o seu irmão, Pedro Morgado, para dar vida a este projeto. O realizador de Solum afirmou em entrevista que não vão ficar por este filme e que o cinema português deve ambicionar levar, quem sabe, um filme aos Óscares.
De facto, o cinema português não tem arriscado muito, mas é bom saber que há realizadores nacionais que almejam mudar este cenário.