Com uma carreira consolidada, Willem Dafoe está prestes a atingir a marca dos 100 filmes. Versatilidade, ousadia e solidez nas suas performances ajudam a definir a sua carreira como ator.
O ator Willem Dafoe, que conta com quase uma centena de longas-metragens no seu currículo, nasceu no dia 22 de julho de 1995, nos Estados Unidos da América. Dafoe é internacionalmente respeitado por trazer versatilidade, ser arrojado e ter a ousadia de arriscar em alguns dos filmes mais emblemáticos que marcaram várias gerações, como são os casos de “Platoon – Os Bravos do Pelotão” (1986) e “Homem-Aranha” (2002).
Ver também: Subtilezas (Des)Medidas – Os filmes que marcaram a carreira de Natalie Portman
Intrínseca e bem patente está a sua curiosidade artística em explorar a condição humana, que o levou a experimentar outras formas de fazer cinema, marcando assim presença em filmes mais independentes, como são os casos de “A Sombra do Vampiro” (2000), “Antichrist – Anticristo” (2009) e “Ninf()maníaca (Parte II)” (2013).
Sargento Elias em “Platoon – Os Bravos do Pelotão” em (1986)
Personagem: Um militar do pelotão da 25ª Divisão de Infantaria que combate no Vietname, perto da fronteira com o Camboja.
Forte, intenso e visceral, Willem Dafoe conseguiu com este papel o seu melhor desempenho da carreira. Um dos papéis mais complexos da sua filmografia, Sargento Elias revela-se um homem de ideias bem vincadas e algo rígido.
Nesta longa-metragem cujas filmagens duraram apenas 54 dias, foram várias as peripécias que ocorreram, algumas delas com Willem Dafoe. Num certo momento do filme, a personagem de Dafoe é avisada para não beber água de um rio porque pode contrair malária. Curiosamente, durante as filmagens, o ator bebeu água de um rio sem saber que nesse mesmo rio, mais a cima, estaria um porco morto, infetando a água. O ator livrou-se da malária, mas ficou doente durante um dia inteiro.
O filme que ganhou 4 Óscares e foi nomeado para outros 4, destaca-se igualmente por ter uma das piores personagens e um dos piores desempenhos num filme bom. Chris, interpretado por Charlie Sheen, apesar de ser uma hecatombe, consegue resumir-se a quase nada, não afetando de maneira muito significativa o filme e, nomeadamente, o desempenho dos seus pares.
Willem Dafoe foi nomeado para o Óscar de melhor ator secundário com o desempenho neste filme.
Realizador: Oliver Stone
Jesus em “A Última Tentação de Cristo” (1988)
Personagem: Jesus Cristo, figura bíblica que travou durante toda a sua vida uma luta constante pela liberdade do seu povo.
Num filme extremamente controverso, ora não fosse tudo o que tem que ver com a religião, bastante longo, talvez em demasia, podemos elencar o milagre de Willem Dafoe. O ator que vestiu a pele do grande profeta prometido, a figura central do Cristianismo, conseguiu, tal como a sua personagem, realizar um milagre, o de “aguentar” quase três horas de filme e não exagerar nos gestos nem tornar o filme enfadonho, numa obra tão centrada numa personagem.
Quando o filme obteve finalmente luz verde para avançar, em meados dos anos 80, Martin Scorsese ofereceu o papel de Jesus para Aidan Quinn, que havia sido inicialmente escalado para fazer o papel durante uma tentativa anterior de fazer o filme. Posteriormente, Scorsese ainda considerou Ed Harris, Eric Roberts e Christopher Walken antes de optar por Willem Dafoe.
A entrega do ator é também uma imagem de marca que ficou bem vincada quando filmou uma cena do filme com uma febre extremamente alta e quando ficou sem ver durante 3 dias devido à quantidade exagerada de colírios que colocava para dilatar as pupilas dos olhos sob a luz do sol para obter um efeito sobre-humano.
Realizador: Martin Scorsese
Ward em “Mississipi em Chamas” (1988)
Personagem: Um agente do FBI que investiga o desaparecimento de três ativistas dos direitos civis no estado do Mississípi.
Embora extremamente criticado pela forma como a história é apresentada, sobretudo pela enorme ficcionalização que lhe é imposta, o filme conta com um bom argumento. Contudo, a obra de Alan Parker não se fica por aqui quanto aos atributos que apresenta. Com uma excelente cinematografia, o filme tem nas interpretações dos atores um dos seus pontos altos, nomeadamente no que toca a Gene Hackman, Frances McDormand e Willem Dafoe.
Num filme sobre um acontecimento histórico que acabou por contribuir para a criação da Lei dos Direitos Civis, que veio a tornar-se um marco importante para colocar um fim aos diversos sistemas estaduais de segregação e discriminação perante as diferenças de sexo, religião ou cor da pele nos Estados Unidos, Dafoe veste a pele do agente Alan Ward e executa a sua personagem de uma forma muito credível. Seguro, consistente, sendo sempre subtil ao longo de todo o seu desempenho, o ator faz o que lhe é pedido sem arriscar muito. A “culpa” disso mesmo remete mais para a essência da personagem do que para a ousadia (que quase não podia haver) do ator.
Realizador: Alan Parker
Green Goblin/Norman Osborn em “Homem-Aranha” (2002)
Personagem: Um cientista que cria uma fórmula para aprimorar as suas capacidades físicas e intelectuais enveredando, depois de a ingerir, pelo caminho da loucura.
A personagem de Dafoe, assim como o próprio ator, têm como uma das suas principais características, o carisma. E isto levou a que, tanto a personagem, como o filme, marcasse uma geração.
O primeiro filme da Marvel a exibir o logótipo da marca, apresenta-nos uma dicotomia extremamente bem montada. Por um lado, um herói que nos faz querer ser como ele. E por outro, um vilão do melhor que há, que nos faz, para além de o temer, gostar dele. Muito disto se deve à tremenda complexidade que existe entre Dafoe e Tobey Maguire.
O fato do famoso Duende Verde foi, inicialmente, projetado para ser mais volumoso e blindado. Acontece que quem iria vestir esse mesmo fato seria Willem Dafoe. O ator decidiu filmar as suas próprias cenas de ação, então rejeitou esse fato em detrimento de outro mais aerodinâmico. A roupa final foi composta de 580 peças e Dafoe demorava meia hora para o colocar. Desta forma, permitiu que o ator realizasse cerca de 90% de suas próprias cenas de ação.
Realizador: Sam Raimi
Bobby em “The Florida Project” (2017)
Personagem: Gerente de um motel, que zela pelo bom funcionamento do seu negócio, bem como dos seus usuários. Mais concretamente, de um pequeno grupo de crianças, funcionando assim como o seu protetor.
A personagem de Willem Dafoe é o pilar central do filme. É Bobby quem suporta a historia, o elenco, e quem dá a estabilidade que o filme precisa. Semelhante ao que acontece no seu papel como ator. Tendo o filme sobretudo atores amadores, nomeadamente as suas figuras principais, Dafoe consegue fornecer ao projeto o que ele necessita para se transcender e ser considerada uma obra significativa: experiência, consistência e, sobretdo, maturidade.
Muito seguro, como já é habitual ser nos seus trabalhos, o ator norte-americano consegue um desempenho imaculado, sem erros. Uma atuação deveras convincente, que marcou assim o regresso do atoràs nomeações para o prémio máximo do cinema. Repetindo, aliás, a categoria da primeira nomeação.
Realizador: Sean Baker