“The Vigil” é um filme de terror que foi lançado pela primeira vez no Toronto International Film Festival, chegando só agora a Portugal. Mas ainda bem que chegou… Este foi o filme com que Keith Thomas se estreou enquanto diretor (apesar de Firestarter ter estreado primeiro em Portugal) e honestamente, posso dizer que me apresentou algo que não estava à espera de ver.
The Vigil – O Despertar do Mal, o conto de terror judaico
“O Despertar do Mal” apresenta-nos a história de um judeu ex-hassídico, Yakov Ronen, cuja vida se encontra abalada por um misto de crise de fé, luto e doença mental. Em adição a estes obstáculos e a uma nova realidade com a qual tem dificuldade em se adaptar, Yakov é presenteado com um trabalho inesperado: ir velar um corpo de um membro da sua antiga comunidade. Infelizmente acaba por aceitar este trabalho por causa dos seus problemas financeiros (honestamente quem recusaria 400€ por uma noite de trabalho) … E como se diz em bom português: “Foi aí que se entornou o caldo”.
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No decorrer desta longa-metragem, acompanhamos Yakov nas 5 horas de velório e digo-vos já que o filme não se arrasta. Felizmente para mim (e para vós), este filme foge à regra de muitos dos filmes de terror que têm saído nos últimos anos, pelo fato de a ação não ficar reservada para os últimos minutos. Muito pelo contrário. Desde o início que a narrativa é intercalada com sustos e momentos de tensão de uma forma bem articulada, que nos faz querer saber mais enquanto nos faz “suar”. Preparem-se para não ter um momento de descanso… Não quero com isto dizer que o filme nos bombardeie com sucessivos jump scares, mas o oposto, criando continuamente momentos de tensão, os quais culminam em momentos de terror intensos. Obviamente que há alguns jump scares, mas são escassos e, na minha opinião, são justificados e bem executados.
Algo que também me impressionou bastante, foi a incorporação da cultura judaica de uma forma tão intensa. No decorrer do filme, várias são as vezes em que as personagens falam iídiche, assim como contactamos com diversas práticas, tradições e vestimentas judaicas. Honestamente, não é algo que costume ver em filmes de terror (o terror sobrenatural tem como plano de fundo, maioritariamente o catolicismo), e fui surpreendido não só pela escolha de abordagem do realizador, como também pela execução.
O lado Técnico do filme
A nível técnico, considero que nenhuma das performances dos atores fosse má, salientando tanto Dave Davis (Yakov Ronen) e Lynn Cohen (Sra. Litvak) os quais estiveram bastante bem, sendo convincentes e contribuindo positivamente nas situações de maior intensidade.
As limitações orçamentais
Resumidamente, The Vigil – O Despertar do Mal é um filme que tem consciência das suas limitações (orçamentais) e não tenta compensar com CGI (mal feito como é frequente noutros filmes da mesma categoria), nem com violência extrema. Pelo contrário, abraça um terror mais minimalista, concentrando a ação praticamente toda numa só casa.
Desta forma, The Vigil – O Despertar do Mal consegue causar impacto na sua plateia, criando cenas intensas e assustadoras, complementadas com boas atuações e composições musicais (fundamentais para um bom susto). Considero este filme, uma lufada de ar fresco e um caminho na direção certa no que toca aos filmes de terror. Definitivamente não é o melhor filme de terror que já vi, mas certamente não será um filme que me esquecerei.